Brasil caminha para o colapso por mortes e desemprego. Bolsonaro e Doria têm culpa.
Enquanto a maioria dos países no mundo se organizam para enfrentar a pandemia do novo coronavírus, o Brasil atravessa outra grave crise política. Aqui, parece que brigar é a regra. A defesa da vida e dos empregos – tão naturais nos discursos – são poucos vistos na prática.
Mais assustador do que verificar a curva exponencial de óbitos pela covid-19 é constatar que ela – aparentemente – está longe de se estabilizar. Enquanto isso, milhões de desempregados ficam desamparados. As medidas governamentais, tão alardeadas pelas diferentes esferas, atendem bem os beneficiários do Bolsa Família, mas tratam com desdém a maior parte da massa produtiva.
O próprio Auxílio Emergencial, do Governo Federal, beneficia exclusivamente as pessoas que não pagaram Imposto de Renda em 2018. É mais fácil um sonegador ter sido contemplado do que um trabalhador que ganhava R$ 2,5 mil por mês há dois anos. E o pior: se essa pessoa ficou desempregada neste período perde o direito de receber a pequena quantia.
Mas para entender a crise que o Brasil atravessa é preciso ser justo. É evidente que a China mentiu sobre a covid-19, escondeu dados e permitiu a proliferação sem que os demais países pudessem se proteger. Os chineses admitiram o problema tardiamente. Depois disso, a Organização Mundial da Saúde (OMS) também demorou para oficializar a pandemia.
Estudos indicam que o Brasil registrou mortes pelo novo coronavírus em janeiro. Sendo assim, o Governo Federal e os Estados foram ineficazes no monitoramento da doença e nas medidas de contenção. Lembram do Carnaval? Ele não deveria ter acontecido. Tamanha aglomeração de pessoas contribuiu, evidentemente, para as mortes de covid-19 de março.
É compreensível que uma pandemia nesta proporção – que não acontece há mais de 100 anos – é difícil de se prever. Mas as medidas de distanciamento social, com orientações sanitárias específicas para os comércios, deveriam ter tido início em fevereiro. O que tivemos foi um fechamento total dos comércios não essenciais, em março, que foi um golpe duro e rápido para os empresários e famílias.
O governador João Doria (PSDB) e os prefeitos paulistas não contiveram as aglomerações, nem definiram normas para distanciamento social em fevereiro – que poderia ser, por exemplo, atendimento de uma pessoa por vez nos comércios – e definiram as medidas de contenção ao coronavírus apenas uma semana depois do Carnaval. Absurdo.
Evidentemente que as medidas de isolamento social são necessárias. Mas tem regras que não fazem o menor sentido nessa quarentena. Um salão de cabeleireiro não pode atender uma pessoa por vez, mas o profissional pode atender um cliente na casa dele. Qual é a diferença?
Agora, o mais incompetente nesta crise, sem dúvida alguma, é o presidente da República, Jair Bolsonaro (sem partido). Ele não tem vergonha de ter posição diferente de mais de 200 presidentes, em todo o mundo, ao ser contrário às medidas de isolamento social. Quer uso amplo da cloroquina – nos sintomas iniciais da covid-19 – sem que haja comprovação científica da medida. Incentiva aglomerações, o que causa um aumento das infecções. Se Bolsonaro liderasse o processo, com base científica, o Brasil poderia iniciar um retomada mais rápida – como ocorre na Alemanha, comandada pela democrata-cristã Angela Merkel.
O Auxílio Emergencial chegou facilmente aos beneficiários do Bolsa Famílias, mas milhões de pessoas estão desamparadas de medidas do Governo Federal. Estudos indicam que a cloroquina é arriscada para muitas pessoas, por ocasionar problemas cardiácos. Defender o amplo uso, sem base científica ou apoio médico, é apoiar um genocídio.
Infelizmente, como brasileiros, somos um país governado por um bando de irresponsáveis.