Ex-vereador com maior votação da história, prefeiturável defende construção do Hospital São João e do Hospital da Mulher
Um dos políticos mais experientes de Guarulhos, Waldomiro Ramos (PSB) quer retomar ao Paço Municipal, no Bom Clima, mas desta vez como prefeito. Ele já foi secretário em várias gestões nas décadas de 1970 e 1980, além de vereador por cinco mandatos. Ele tem Claudia Papotto, filha do ex-prefeito Vicentino Papotto, como vice.
Ramos conhece os meandros da Prefeitura como poucos. Uma de suas principais propostas é a na área da Saúde, com a construção do Hospital no Jardim São João e do Hospital da Mulher, além da conclusão dos dois andares faltantes do Hospital Pimentas Bonsucesso.
O GRU Diário publica nesta semana uma série de entrevistas com os candidatos à Prefeitura de Guarulhos. Já foram publicadas as de Elói Pietá (Solidariedade), Jorge Wilson (Republicanos), Alencar Santana (PT) e Márcio Nakashima (PDT). O único que não aceitou participar foi Lucas Sanches (PL).
Confira abaixo a entrevista com Ramos.
O que o senhor pensa em fazer com o atual prédio do Hospital da Criança e do Adolescente, já que a atual gestão está fazendo um novo Hospital InfantoJuvenil no Taboão? Quais outras ações pretende implementar na Saúde?
Ramos – O hospital no Taboão é uma PPP e tem um outro enfoque. O Hospital da Criança será mantido. Tem uma propriedade ali equipada que pertence à Santa Casa. Se o município deixar de utilizar aquele espaço, terá muito prejuízo com isso. A gente vai acelerar essa PPP. Sobre as outras ações, eu vou abrir os dois pavimentos lacrados há 15 anos do Hospital Pimentas Bonsucesso. Pretendo construir um Hospital ao lado da UPA São João, que já tem um terreno ao lado e projeto pronto. E investir muito nas Unidades Básicas de Saúde. Vamos ampliar o número e também as equipes de Saúde da Família. E vamos concluir o Hospital da Mulher, que é feito em parceria com a entidade JJM.
A cidade possui uma demanda oficial de falta de 5 mil vagas em creche, mas esse número é obviamente maior pelas pessoas que não se cadastraram. Como pretende zerar essa fila?
Ramos – Uma das coisas que Guarulhos fez e deu certo é o convênio com as entidades parceiras. O importante é que essas entidades prestam bom serviço à população. O número de falta de vagas é muito grande. Temos que ampliar essa rede conveniada. O Lar Irmã Celeste, no Picanço, por exemplo, tem espaço. A creche terá uma atenção toda especial também com investimento em prédios próprios.
A Prefeitura está em conflito contra a GRU Airport e a Anac porque ambas querem colocar o acesso do Rodoanel Norte ao Aeroporto pelas ruas de Guarulhos, o que vai piorar o trânsito pelas ruas da cidade. Como o senhor pensa em enfrentar essa briga?
Ramos – Infelizmente, Guarulhos recente de bons representantes na esfera federal. A cidade só tem um deputado federal. A população escolhe deputados de fora e nessa hora isso acaba nos atrapalhando. Tenho certeza que Guarulhos com a autoridade que tem pode exigir que o sistema viário não seja utilizado pelo aeroporto no caso do Rodoanel. Precisamos de acesso ao Rodoanel para escoamento do nosso trânsito, isso precisamos lutar, mas impedir tudo que venha piorar o trânsito da cidade de Guarulhos.
O orçamento de Guarulhos é de R$ 8 bilhões, cerca de R$ 1,3 bilhão abaixo de Campinas, que tem população semelhante. Como reduzir essa diferença na arrecadação?
Ramos – Essa redução em comparação a Campinas é devido ao congelamento do IPTU, que para mim é um grande erro. A atual gestão vai enviar um projeto de lei após as eleições para atualizar a Planta Genérica de Valores e a conta vai chegar do IPTU congelado durante esses sete anos. A cidade de Guarulhos tem condições de duplicar nossa estimativa de receita. Não podemos brincar com o orçamento.
O número de roubos e furtos de celulares cresceu 147% em 2023 em Guarulhos, em comparação ao ano anterior, segundo a SSP. De que forma a GCM pode contribuir para reduzir a incidência desse tipo de crime na cidade?
Ramos – Felizmente o número de homicídios caiu bastante. Esses pequenos furtos são incentivados pelo atual governo federal. Muitos falam que faltam oportunidades. No nosso governo pretendemos aumentar o efetivo da GCM, qualificar melhor os nossos guardas, valorizá-los e criar um plano de carreira, que eles não têm até hoje. Aumentar o número de viaturas e também de motocicletas. E implantar bases móveis nos bairros, com equipamentos adequados, além de uma integração adequada com a Polícia Civil e Polícia Militar com inteligência. Os pequenos furtos deverão reduzir, sem dúvidas.
Guarulhos possui milhares de vagas em iniciação esportiva, mas pouco incentivo para o esporte profissional. Tem alguma proposta para fomentar esse segmento na cidade?
Ramos – Guarulhos já foi referência nacional no esporte amador. Vários equipamentos esportivos foram criados neste sentido. Nos idos de 1978, quando fui secretário de Planejamento, criamos um Ginásio na Vila Tijuco voltado para ginástica artística e ele produziu a maior ginasta deste país, um orgulho para a cidade de Guarulhos (Rebeca Andrade). Só que, infelizmente, o esporte amador de Guarulhos foi abandonado. O pessoal só pensa no futebol. Temos um time de vôlei patrocinado pela Vedacit que leva o nome de Guarulhos longe. Tínhamos um time de basquete, mas não temos mais. O Ginásio Paschoal Thomeo precisa ser reformado e entregue à população. Precisamos de investimento no esporte amador e não no profissional. Devemos reformar todas as quadras nos bairros.
O Teatro Nelson Rodrigues está interditado há mais de um ano. O senhor pensa em reformá-lo? Tem outros projetos para a cultura?
Ramos – Eu tenho um orgulho grande de ter participado da obra do Teatro Nelson Rodrigues e de toda a área destinada ao Museu. Será uma das primeira providências nossas. Guarulhos aprovou um Plano Municipal de Cultura há dois anos. Ele representa a vontade das pessoas voltadas à cultura. O nosso governo vai cumprir esse plano e destinar 1% do orçamento à Cultura.
O Governo do Estado vai habilitar novos MITs (Municípios de Interesse Turístico) em 2025 para receberem recursos para investimento no setor. O senhor pretende se mobilizar para garantir essa habilitação?
Ramos – Guarulhos tem um potencial grande no turismo de serviços. Os recursos do MIT são pequenos e destinados a cidades pequenas. O caso de Guarulhos é diferente. Temos o maior aeroporto da América Latina. O turismo de negócios será muito importante e é onde vamos investir. O trânsito em São Paulo está insuportável. Se tivermos todo o equipamento para o turismo de negócios aqui em Guarulhos, os grandes eventos vão acontecer aqui. Nós vamos investir muito no turismo de negócios independentemente do MIT, que não acho que se encaixa para Guarulhos.
Quais são as suas propostas para a requalificação da região central?
Ramos – Guarulhos tem seis bairros com população maiores do que muitas cidades do interior. Esses bairros criaram centros próprios. Você vai na região do Jardim São João ou nos Pimentas, você tem lojas de confecções, roupas e eletrodomésticos muito melhores do que no próprio Centro da cidade. Percebo que no Centro, principalmente no calçadão, os lojistas não estão promovendo o calçadão. Eu vou concluir a obra do calçadão, com a cobertura da Praça Tereza Cristina até a rua Felício Marcondes. O que se precisa é criar eventos no calçadão para trazer a população. Não vejo o Clube de Logistas fazer ali uma apresentação de Natal, promoções e trazer cantatas e orquestras. Não tem no Dia dos Namorados, no Dia das Mães ou no Dia dos Pais. Ali os comerciantes estão mais preocupados com o lucro, mas precisam se preocupar com o espaço, em parceria com a Prefeitura. Nos bairros, as lojas estão bem equipadas e os preços são melhores.
Pretende implementar novos parques municipais e ciclofaixas? Se sim, em quais locais?
Ramos – Eu tive o grande prazer de ser o secretário de Planejamento que implantou vários parques. Quando planejamos o bairro dos Morros, deixamos a área onde está o Sesi. Lá seria um estádio de futebol, mas o município não tinha recursos. Onde está o Sesc era o Parque Vicente Leporace, que não foi bem cuidado, mas felizmente veio o Sesc e se instalou. Participei da implantação do Bosque Maia, do Parque Fracalanza, na Vila Augusta, da Casa do Atleta, na Torres Tibagy, que hoje está abandonado. Implantamos uma área que a população pouco conhece, que é o Horto Florestal de Guarulhos, no Água Azul, que é maravilhoso. Construímos o Zoológico de Guarulhos. Precisamos construir um parque no Taboão e outro no Jardim São João. Em uma gestão não dá para construir mais do que dois parque. Eu conheço a cidade de Guarulhos com a palma da minha mão. Sobre as ciclovias, vamos continuar. E também criar as faixas azuis para as motocicletas.
Um terço do território guarulhense é área de proteção ambiental e foco de desmatamento. Pensa em alguma política específica para preservação da área de Mata Atlântica?
Ramos – Guarulhos é muito grande e não dá para administrar sozinho. Quero criar subprefeituras com orçamento próprio para cuidar principalmente das zeladorias e pequenas obras. A UNG, em parceria com o município, estudou as zonas de calor da cidade. Essas zonas precisam ser arborizadas, além da preservação. Infelizmente a Prefeitura não tem equipe adequada para fiscalizar a área que tem sido desmatada. Temos que aumentar a fiscalização e a parceria com a Polícia Florestal. Os parques que estão em Área de Proteção Ambiental, principalmente na área da Capelinha e Casa da Candinha, devem ser preservadas e tem condições de ser mantido com monitoramento com satélite.