Especialistas apontam que crise econômica pode ser uma oportunidade para crescer na carreira.
A crise econômica ocasionada pela pandemia do novo coronavírus pode ser a maior da história. O número de desempregados cresce, assim como muitos trabalhadores tiveram os salários reduzidos por causa da quarentena. E qual é a esperança para quem está sem trabalho? Especialistas apontam que existem formas de conseguir renda e até criar novos negócios durante a crise.
Atento às preocupações de milhares de famílias guarulhenses, o GRU Diário elaborou um guia para ajudar as pessoas desempregadas a buscarem alternativas para gerar renda a curto, médio e longo prazos. Até porque os efeitos da pandemia devem durar, pelo menos, até 2022. Apesar do isolamento social, é hora de planejar novos rumos.
O Estado de São Paulo é o mais impactado, no Brasil, pela covid-19. Ainda assim, tem a melhor estrutura e condições para a retomada econômica, o que deve gerar oportunidades, na opinião do economista Álvaro Villa, da Messem Investimentos.
1 – Refaça o seu currículo e crie um Linkedin
O primeiro passo para se conseguir emprego é ter caminhos para procurar empresas. Uma revisão no currículo é muito válida. Apesar disso, com a difusão das redes sociais, principalmente com o boom ocasionado pela pandemia, passa a ser obrigatório ter uma conta no Linkedin, que é uma rede social para contatos profissionais.
“No Linkedin, a pessoa pode colocar suas experiências, cursos, capacitações, idiomas e seminários. Automaticamente, as empresas poderão buscar os perfis”, explica Daniela Gonçalves, coordenadora de Gestão de Recursos Humanos da Estácio Conceição.
Tanto no currículo como no Linkedin, o interessado precisa expor o que tem de mais interessante. Pode incluir ações ou projetos em que tenha participado.
“Dados muito detalhados é melhor deixar para uma entrevista”, orienta Daniela.
Ela explica que os currículos devem ter, no máximo, duas páginas, sem textos exagerados e com espaçamento entre as informações. Erros de ortografia são imperdoáveis.
2 – Procure oportunidades em serviços essenciais
Nem tudo está fechado. O Governo do Estado de São Paulo argumenta que 74% dos setores econômicos possuem autorização para operar normalmente. Apesar da crise atingir toda a cadeia produtiva, existem oportunidades em algumas categorias. O Carrefour, por exemplo, abriu 5 mil vagas de emprego em abril.
Para Daniela, é preciso ter consciência que, neste momento, a vaga de trabalho pode não ser a dos sonhos.
“Estamos em uma fase em que tudo muda rapidamente. As pessoas precisam se reinventar. Buscar apenas aquilo que costumava fazer pode trazer risco de se ficar fora do mercado”, orienta.
Bancos, serviços de delivery e telemedicina são áreas em alta. Além, obviamente, dos serviços relacionados à saúde que possuem maior demanda na pandemia.
Do ponto de vista da macroeconômia, Villa considera que o Governo Federal deve propor incentivo na infraestrutura e construção civil. “Essa alternativa é sinalizada na China e países europeus. Esses setores vão crescer no mundo pós-pandemia”, diz.
Melina Alves, CEO da DUXCoworkers, avalia que os profissionais podem buscar trabalhos como freelancers.
“Talvez a pessoa não queira voltar a ser um empregado comum, mas receber por hora”, aponta. Ela vê boas oportunidades na área de design.
3 – Faça cursos de qualificação
Ficar em casa – sem fazer nada – nunca é uma boa opção. Muitas plataformas disponibilizam cursos gratuitos pela internet. Se você está desempregado, talvez seja o momento de melhorar seu currículo para conseguir trabalho.
Na opinião de Melina, a imersão no mundo digital é uma obrigação para quem quiser se manter ativo no mercado.
“A tendência é que os profissionais sejam, cada vez mais, multidisciplinares. É importante ganhar conhecimento neste momento”, aconselha.
Ela afirma ainda que o momento é propício para investir na fluência de outros idiomas.
Para Daniela, os cursos de curta duração ajudam no desenvolvimento profissional. “É totalmente viável e recomendável, principalmente para quem está sem trabalho.”
Existem várias plataformas que oferecem cursos online, como da Universidade de São Paulo (USP), Canal USP, Universidade Virtual do Estado de São Paulo (Univesp), Coursera, Conselho Regional de Administração de São Paulo e a Estácio.
4 – Monte o seu “pequeno negócio”
Pode ser que as três medidas anteriores não alcancem os efeitos desejados. Ainda assim, a opção por montar o próprio negócio pode ser altamente viável, desde que com planejamento, seriedade e senso de oportunidade, além de baixo custo.
“A necessidade faz o ladrão. Buscar oportunidade em meio a uma crise é um desafio possível”, avalia Daniela. Ela acredita que as famílias podem se unir para criarem negócios. “Serviços de alimentação e de cuidados corporais – focados nas mulheres – não vão deixar de existir. São boas opções”, orienta.
Mas como começar um empreendimento com baixo custo? Para Melina, o segredo é escolher o segmento adequado. “É preciso empreender fazendo o que se sabe fazer, seja comida, máscara, compota de geleia, entre outras propostas. O empreendedorismo de sobrevivência está ligado à manufatura, também com roupas”, conta.
Segundo Villa, um cozinheiro demitido de um restaurante fechado na quarentena, por exemplo, tem grande potencial para vender marmitex. “Esse profissional tem custo menor para cozinhar, porque não paga funcionários, aluguel e outros itens. Pode oferecer um produto de qualidade, com um preço menor do que o restaurante em que ele trabalhava.”
O economista avalia que, com a queda de renda da população, trabalhar com preços baratos e qualidade será um diferencial.
“O mundo pós-pandemia vai ter um consumo mais consciente, de valorizar o pequeno produtor, que trabalha com carinho, vontade e um preço melhor”, diz.
Villa ressalta que o exemplo do cozinheiro pode ser replicado em vários setores. “Tem a pessoa que faz bolo, máscara, roupa, qualquer coisa. O consumo terá que ter propósito de ajudar as pessoas”, afirma.
A CEO da DUXCoworkers ressalta que, além da qualidade e preço, é preciso trabalhar nas redes sociais. Saber utilizar Facebook, Instagram, WhatsApp, Google e outros aplicativos podem fazer a diferença para que o pequeno negócio possa prosperar durante e após o período de isolamento social.
“Entender o digital como ambiente de empreendedorismo é o melhor caminho para o sucesso”, aposta Melina.