Confusão ocorreu por conta do nome da acusada, muito parecido com o da guarulhense
Uma guarulhense, mãe de três meninas, viu sua vida virar ao avesso após ser acusada por um jornal mexicano de ter sequestrado uma mulher grávida de 22 anos no México, na semana passada, sem nuncar ter pisado no país mexicano.
Ana Paula Contrera, de 26 anos, nunca sequer deixou o Brasil, não tem passaporte e nem planejamento de ir para o México, mas foi acusada pelo jornal mexicano Info 7 de ter iludido Mónica Segura Temich, de 22 anos, grávida de oito meses, que desapareceu após ir ao encontro de uma mulher chamada Ana Paula Covarrubias Contreras.
A guarulhense, porém, se chama Ana Paula de Jesus Contrera Vanalli e teve sua foto utilizada no jornal como se fosse a suspeita, que tem o sobrenome similar mas com um “s” no final: Contreras. Além disso, a acusada também tem um outro sobrenome diferente: Covarrubias.
Na reportagem do jornal mexicano, o pai e a mãe da grávida contam que a real acusada, Covarrubias, fez uma publicação nas redes sociais de que tinha roupas de bebê para doar, o que causou interesse de Mónica. Só que quando foi buscar as roupas, a grávida desapareceu.
Os repórteres mexicanos, em entrevista com os pais da desaparecida, apesar de terem usado corretamente o nome de Covarrubias, usam uma foto tirada das redes sociais e entregue pelos pais da vítima para mostrar a suspeita criminosa. Só que a foto foi retirada do perfil da guarulhense Ana Paula Contrera, que começou a sofrer as consequências de um tribunal das redes sociais, sem tempo de reação, mesmo não sendo a verdadeira acusada.
Em suas redes sociais, a guarulhense contou que simplesmente acordou um dia recebendo uma série de acusações e ofensas em espanhol, sem saber o que aconteceu, até que finalmente teve acesso a reportagem do canal mexicano.
De acordo com os advogados de defesa da guarulhense, Erick William da Silva e Jackson Caraça Simão, serão tomadas medidas para que o jornal faça uma retratação no mesmo horário e na mesma proporção e também para retirar do ar o conteúdo que exibe a foto da brasileira como suspeita.
A defesa pretende ainda entrar com ações de responsabilidade criminal e um pedido de indenização por calúnia e difamação.
“Ela (a guarulhense) é uma moça simples, tem três filhas e agora vive com medo. Hoje as pessoas buscam justiça com as próprias as mãos e não dá para confiar em ninguém”, explicou a defesa.
De acordo com artigo 4º do pacto San José da Costa Risca, firmado entre os países-membros da Organização dos Estados Americanos, “Toda pessoa tem o direito de que se respeite sua vida. Esse direito deve ser protegido pela lei e, em geral, desde o momento da concepção. Ninguém pode ser privado da vida arbitrariamente”.
Ainda de acordo com o artigo 14º do mesmo pacto, “Toda pessoa, atingida por informações inexatas ou ofensivas emitidas em seu prejuízo por meios de difusão legalmente regulamentados e que se dirijam ao público em geral, tem direito a fazer, pelo mesmo órgão de difusão, sua retificação ou resposta, nas condições que estabeleça a lei”.