Prefeito concedeu entrevista exclusiva ao GRU Diário e comentou sobre obras, Proguaru, festividades e polêmica do GRU Airport
O prefeito de Guarulhos, Guti (PSD), entra em 2024 no oitavo e último ano de seu mandato. Apesar disso, ele quer alavancar a cidade com projetos estruturantes, como o término das obras de macrodrenagem do rio Baquirivu-Guaçu, o Hospital InfantoJuvenil, no Taboão, e a ampliação do Conecta GRU, aplicativo que vai oferecer mais de 100 serviços públicos.
Guti conversou com o GRU Diário sobre seus projetos, dificuldades enfrentadas durante o ano e perspectivas para o futuro.
Confira a entrevista
O que representa esses 463 anos de Guarulhos?
Guti – É um motivo de muito orgulho. Um a cidade pujante, tradicional, segunda cidade do Estado de São Paulo, entre as 10 do país, maior aeroporto da América do Sul. Somos uma cidade extraordinária. Temos resgatado a cidade nos últimos sete anos. O guarulhense tem mais orgulho da própria cidade. 463 anos muita gente trabalhou duro para chegar a essa cidade bonita e próspera.
Como foi a preparação das festividades deste ano?
Guti – Temos muita entrega legal para Guarulhos, desde Ecoponto até a última iluminação de LED, dando maior eficiência energética. Temos a entrega do córrego do Cocho Velho. E tem as festas também, que é a coroação final. Vamos ter várias atrações legais entre os dias 8 e 10 de dezembro na Praça Transguarulhense, coisa que minha gestão nunca fez porque não queria colocar dinheiro público enquanto estávamos com problemas financeiros. Peguei a cidade com R$ 7,4 bilhões em dívida e agora está entorno de R$ 1,5 bilhão. Como geramos credibilidade junto à iniciativa privada conseguimos fazer a captação da maior parte dos recursos. O Natal de Guarulhos também virou referência. A gestão do PT gastava quase R$ 2 milhões para fazer o Natal Iluminado. Temos parceria com a Bauducco e não colocamos um real. Este ano será o maior de todos, com Árvore de Natal, roda-gigante e patinação no gelo.
Como foi a disputa com o prefeito de Rio, Eduardo Paes, por conta da restrição dos voos ao GRU Airport?
Guti – Na verdade ninguém perdeu, que era o melhor dos mundos. Tem a mão do ministro (Silvio Costa Filho) que assumiu e foi habilidoso. No início era uma contenda. O prefeito do Rio é bastante midiático e tem boa relação com o Lula, o que eu não tenho, até porque não tem liga. O Paes é da cozinha do Lula e conseguiu despachar. Essa decisão poderia fazer Guarulhos perder até 20 voos diários e a perda de quase 5 mil empregos. Não tenho nada contra o Galeão ou o Rio de Janeiro, mas não podíamos sacrificar uma vaca boa para tentar salvar a doente. Mostrei meus argumentos ao TCU, que aceitou nossa posição. O ministro me chamou e disse que iriam resolver a questão (do Galeão) sem afetar Guarulhos.
Qual é a sua avaliação das obras do programa Viva Baquirivu?
Guti – A obra de macrodrenagem está a todo o vapor. Entregamos o Cocho Velho. Está tendo o alargamento da calha do rio Baquirivu e, no ano que vem, colocamos o maior parque da cidade, cinco vezes maior do que o Bosque Maia. Vamos começar, a partir de janeiro, a fazer audiências públicas com a população para desenhar o melhor parque. Gerar essa noção de pertencimento. É para gerar qualidade de vida, é a menina dos olhos e a maior obra de infraestrutura de Guarulhos. A responsabilidade da macrodrenagem é do Governo Federal e do Governo do Estado, mas como prefeito não podia deixar de buscar solução. Consegui esse recurso de R$ 500 milhões da CAF (Cooperação Andina de Fomento).
A Prefeitura terá que pagar esse empréstimo, né?
Guti – Sim, estamos pagando. Como prefeito eu não podia aceitar o meu povo ano a ano perdendo tudo com enchentes. E indo nesses locais e não ter nada para fazer, a não ser enviar alimentos, colchão e buscar abrigos. Está na minha mão agora e tenho que fazer algo diferente para resolver o problema das enchentes.
A obra toda reduz em 70% as enchentes em Guarulhos. Nesta temporada de chuvas, qual é a estimativa de diminuição?
Guti – Nessa temporada que se avizinha já estamos sofrendo menos. Qualquer número que eu disser será um chutômetro. Com essas obras já estamos sofrendo muito menos com as fortes chuvas. Temos um plano de contingência muito bom. Caso aconteça algo mais grave, nosso time está mais rápido e responsivo.
Quando o senhor assumiu a Prefeitura a área da Saúde era o principal problema. Hoje ainda há muitas críticas. Foi lançado recentemente o projeto do novo Hospital InfantoJuvenil (HIG). O que esse equipamento pode mudar para Guarulhos?
Guti – Na Saúde nós conseguimos fazer bastante coisa. O SUS (Sistema Único de Saúde) é um sistema muito bom, mas ele é inchado. Pegamos a Saúde muito depreciada. Na minha primeira eleição eu falei que iria contratar 100 médicos. Hoje, depois de sete anos, contratamos 400 médicos a mais. Hoje temos um atendimento muito melhor. Entreguei as UPAs (Unidades de Pronto-Atendimento), que estavam no esqueletão. Fizemos reforma importantíssima no HMU (Hospital Municipal de Urgências), que está em outra realidade. Agora para coroar tudo isso é o HIG, na região do Taboão, em que vamos dobrar a capacidade de leitos do nosso Hospital da Criança. Vamos conseguir atender mais pessoas, da melhor forma possível.
Foi lançado recentemente a plataforma Conecta GRU, que hoje atende apenas a rede municipal, mas será expandida. O que isso pode mudar para o guarulhense?
Guti – Eu fiquei ensaiando esse Conecta GRU por mais de um ano. Vamos ajustando daqui para frente. Os limites não existem. A minha ideia é chegar até o final de 2024 com mais de 100 serviços diferentes na plataforma, com educação, saúde, zeladoria e, principalmente, a comunicação com a cidade. O cidadão pode pedir uma pizza no iFood ou uma carona em um aplicativo, agora vai poder falar com a cidade. O mais difícil vai ser pegar a demanda e fazer virar realidade.
Tivemos casos de moradores de rua de outras cidades que foram trazidos para Guarulhos por outras prefeituras. Como está essa realidade?
Guti – Infelizmente, a população de rua aumentou. A maior parte das pessoas que chegaram na rua recentemente não estão porque querem, mas estão sem opção. Proporcionalmente a São Paulo, a gente tem muito menos pessoas em situação de rua. Criamos vários programas para atender essa população. A procura maior é no Inverno, por causa do frio. Pegamos a cidade com um albergue, agora temos cinco abrigos 24 horas. Todo meu planejamento em Assistência Social foi cumprido. O último foi o lançamento da Casa Terapêutica.
Na sua última campanha o senhor destacou a proposta de empréstimo para os MEIs (Microempreendedores Individuais)?
Guti – Tudo gira entorno do microcrédito. A gente tem recurso para fazer empréstimo, até R$ 4 mil, pelo Banco do Povo e pelo Sebrae. Esse ano está aquém à procura, já que poderíamos emprestar mais recursos. Não pode usar como fluxo de caixa, é para a compra de insumos ou de aparelhos para começar um negócio ou fazer ampliação.
O senhor teve um grave acidente de moto neste ano e ainda sofreu ataques da Oposição por não ter sido levado para um hospital público. Pode falar sobre isso?
Guti – Oposição não tem jeito. Se você faz o certo tentam falar que está errado. Eu se fosse para o HMU, com certeza iriam falar que era um absurdo por ter um bom salário, ter empresa na cidade e plano de saúde que iria retirar a vaga de outra pessoa. Eu quero mostrar que a rede hospitalar da cidade é fantástica, seja pública ou privada.
O resgate foi da Polícia Militar. Chegaram muito rápido e na maca não conseguia respirar. Quebrei cinco costelas e uma vertebra. Estava muito dolorido. O socorrista iria me levar para o HMU, mas o Americano (secretário municipal de Governo) chegou rápido, estava na ambulância e ligou para o José Mário (médico e ex-secretário de Saúde), que orientou a me levar para o Hospital Carlos Chagas, que era mais próximo. Não foi nada pensado. Eu estava com dor, queria apenas ser acudido. Sou muito grato à equipe do Carlos Chagas.
Temeu pela sua vida?
Guti – Não temi pela vida, mas sabia que tinha quebrado alguma coisa. E eu não conseguia respirar. A dor física mais intensa da minha vida foi essa. Se tivesse pegado o pulmão teria que colocar um dreno. Se pegasse o baço, teria que arrancar. Eu não queria fazer cirurgia. Foram umas duas ou três horas e pedi a Deus que se não me abrissem e eu saísse zerado, sem ser rasgado, eu nunca mais andaria de moto. Conclusão: sai ileso e agora estou vendendo as motos em uma loja.
Houve uma decisão recente da Justiça do Trabalho para recontratar os funcionários demitidos da Proguaru, mas a empresa seria extinta em dezembro. O que acontecerá a partir de agora?
Guti – Na minha visão, a Justiça do Trabalho errou na forma e no mérito. Uma empresa extinta não tem como recontratar todo mundo. É inexequível. A decisão manda pagar os salários para todo mundo, mas nós pagamos a rescisão de todos. Existiria a apropriação indébita da pessoa que recebeu de boa fé? É um balaio jurídico muito complicado. A gente está com assessoria jurídica porque acredito que fiz o certo. A empresa iria quebrar. Não teria mais dinheiro para socorrer. Não tomei a decisão política mais bacana, mas era a possível. É bom deixar claro que todo mundo que saiu da Proguaru, que quis continuar nas empresas terceirizadas, continuaram trabalhando. As que não quiseram não podemos obrigar. Na iniciativa privada a cobrança é maior, isso é normal. E vou fazer um exercício contigo. Me fale qual imagem você tinha de uma roçagem da Proguaru?
Alguns trabalhando e outros sentados.
Guti – Não estou fazendo juízo de valor, até porque não conheço, mas hoje vemos todo mundo com a mão na massa. A iniciativa privada é mais eficiente e sou a favor disso. Sou a favor de terceirizar serviços basilares. Esses serviços são muito melhores. A zeladoria da cidade melhorou muito. Sou um cara reformista. Tivemos a questão da Sabesp, da Proguaru. Fiz reformas que ninguém queria fazer e pus o dedo na ferida. Quero cuidar da minha cidade e, às vezes, o remédio é amargo.
O que o guarulhense pode esperar do seu último ano de mandato?
Guti – O guarulhense pode esperar que vou trabalhar com o mesmo afinco, o mesmo suor, dando o sangue. Do primeiro dia que entrei na Prefeitura até o último. Não vejo isso como um trabalho, mas como um prazer. Tem as suas dificuldades, mas amo o que eu faço. Acordar às 5h para vir para cá e sair meia-noite não vejo o tempo passar. Até 31 de dezembro de 2024 vou dar o meu melhor, sempre.