Vencedora do Prêmio Destaque Empresarial, Marcela Morandeira concedeu entrevista exclusiva ao GRU Diário
A Faculdade Progresso foi a vencedora do Prêmio Destaque Empresarial 2021, da ACE-Guarulhos, na categoria Empresa de Médio Porte. A conquista reflete a história da família Morandeira, mantenedora da instituição, que decidiu expandir o tradicional Colégio Progresso para investir no ensino superior há mais de uma década.
A diretora da Faculdade Progresso, Marcela Morandeira, recebeu o GRU Diário na tarde de sexta-feira (6). Com oferta de mais de 40 cursos em EAD (Ensino à Distância), além dos cursos presenciais em bacharelado e pós-graduação, a instituição quer ofertar novos cursos.
Com 52 anos, o Colégio Progresso é um dos mais tradicionais de Guarulhos. Em 1984, Edelmiro Morandeira, pai de Marcela, adquiriu a escola e passou a investir no Ensino Fundamental e Médio, além de ampliar a oferta de cursos no Ensino Técnico.
No ano passado, Marcela ficou surpresa por conta da pandemia do coronavírus, que deixou as salas vazias. Contudo, a instituição já possuía estrutura para as aulas online. Apesar da crise, nenhum dos 100 colaboradores foi demitido.
Confira a entrevista:
Sua família veio para Guarulhos quando você tinha quatro anos. Como foi crescer na cidade?
Marcela Morandeira – Eu morava na Vila Gustavo, na Zona Norte de São Paulo, em uma casa bem simples. Meu pai comprou um terreno em Guarulhos e construiu a nossa casa. Ele já trabalhava aqui. Meu pai tinha o Palácio Hotel. Guarulhos abriu a porta para a família crescer, empreender e construir. Não foi fácil. Bastante trabalho e sacrifício. Sem trabalho e investimento não se vai para frente. Aqui me fiz. Sou filha de Guarulhos.
Como era o Colégio Progresso em 1984, quando foi adquirido pelo seu pai?
Marcela Morandeira – O Progresso tinha a unidade 1 na rua São Vicente de Paula e a 2 na avenida Timóteo Penteado. Tínhamos cursos técnicos de Processamento de Dados e Magistério. Meu pai implantou o Ensino Infantil, Fundamental e Médio. Vieram os cursos de Enfermagem, Eletrônica, Nutrição e Turismo. Ampliamos a gama de cursos. Em 1986, se abriu a terceira unidade na Vila Galvão. Com o crescimento, se construiu um prédio na Timóteo Penteado. E depois se comprou outro prédio na Vila Galvão. Saímos do aluguel para algo próprio, que foi a melhor coisa. Entregamos os prédios alugados e ficamos só com as propriedades próprias. Investimos em tecnologia, porque sempre acreditamos que era o futuro e não estávamos enganados.
Você sempre pensou em trabalhar na área da Educação?
Marcela Morandeira – Eu saí da faculdade de Administração e já queria dar aulas. Eu tinha um comércio em São Paulo, uma loja e pedras brasileiras junto com o meu irmão, na Praça da República. Eu sempre tive o sonho de ser professora. Desde os sete anos eu dizia isso e ninguém tirava isso da minha cabeça. Eu também queria ser gestora. Pensei em fazer a gestão primeiro e depois me dedicar à parte da educação, isso sem sonhar que meu pai um dia iria comprar um colégio. Eu sempre enveredei para o lado da educação. Quando criança, eu dava aulas para as minhas bonecas. Eu colocava as bonecas sentadas na mesa. As minhas tarefas, entre aspas, quem faziam eram as minhas bonecas. A minha brincadeira era brincar de ser professora e as minhas bonecas eram minhas alunas. Era uma paixão.

Como começou no Colégio Progresso?
Marcela Morandeira – Iniciei como professora no curso técnico de Administração. Depois surgiu a oportunidade, dois anos depois, de ser a coordenadora dos cursos de Administração e Ciências Contábeis. Sempre trabalhei na área técnica desenvolvendo projetos. Cheguei à coordenação do curso de Publicidade e Turismo. Surgiu a oportunidade de dar aula de inglês e, além da coordenação, entrei nas salas de aula para ensinar o idioma.
Então você ficou na loja em São Paulo e no colégio?
Marcela Morandeira – Acabamos vendendo a loja porque o Centro de São Paulo ficou muito perigoso. Nesse meio tempo, meu pai entrou para a área de automóveis. Ele comprou uma concessionária e fui trabalhar na área comercial. De manhã ficava na escola, à tarde ia para a concessionária e surgiu a oportunidade de dar aula em uma universidade. Era uma vida muito corrida e ainda fazendo pós-graduação. Nunca parei de estudar. Isso que me dava conhecimento para lecionar em sala de aula.
Depois, eu deixei a faculdade, nós vendemos a concessionária e me dediquei a gestão do colégio, mas eu sempre tinha umas turminhas. Nunca abandonei totalmente a sala de aula. Ficava na direção e sala. Hoje fico mais na gestão. Quando dá saudade eu entro em sala de aula.
Como surgiu a ideia de criar uma faculdade?
Marcela Morandeira – O Colégio Progresso é uma escola muito familiar. As crianças entram aqui na Educação Infantil e saem no Ensino Médio. Criamos um vínculo muito forte com eles. Você conhece o aluno, pai, mãe, avô e assim por diante. Quando eles iam para o Ensino Médio diziam que não queriam sair e que nós deveríamos criar uma faculdade. Nós fomos ouvindo isso por anos, até que decidimos criar a Faculdade Progresso. Começamos o projeto em 2009 e conseguimos a autorização em 2012.
E como foi esse início?
A primeira turma foi em janeiro de 2013 com Administração e Pedagogia. Em 2015 saiu a nossa autorização para o curso de Direito. Daí pedimos a autorização para os tecnólogos em RH e Logística.
O desafio foi grande. Tínhamos outras instituições com grande experiência no mercado. Mas nosso projeto era diferente e não concorria com elas. Nós sempre quisemos levar a tradição do colégio e manter a faculdade familiar. Nunca nos interessamos em ter 100 alunos em sala de aula. Nosso objetivo é ter 30 para o professor ter contato aluno por aluno. Não queremos trabalhar com massa, mas sim qualidade.
Procuramos professores com experiência profissional, além da sala de aula. Queríamos essa experiência de mercado de trabalho para orientar nossos alunos sobre como vencer lá fora. Com o passar do tempo as pessoas perceberam que a nossa prioridade era a qualidade de ensino e não a quantidade de alunos. Nosso nome foi feito aí.
E depois veio a pós-graduação.
Marcela Morandeira – Você ter uma faculdade que forma bacharel e não dar sequência no estudo para esse aluno não tem fundamento. Quando formamos as primeiras turmas dos cursos os alunos não queriam ir embora daqui porque gostavam da qualidade do ensino. Queriam dar continuidade. Surgiram os cursos de pós em Gestão e Pedagogia.
Você conta uma história de décadas com salas de aulas cheias de alunos. Como foi ficar sem os estudantes presencialmente na pandemia?
Marcela Morandeira – Foi um desafio grande. Desde 2017 já estávamos começando a trabalhar com as plataformas digitais, os professores e alunos já sabiam mexer, já desenvolviam trabalhos. Quando veio a pandemia foi um choque fechar a escola e a faculdade. Migrar as aulas para o online foi fácil porque já tínhamos a plataforma.

Paramos no dia 16 de março (de 2020) e no dia 17 já tinha aula online. Não quebramos nosso cronograma. Tivemos um mês de adaptação, porque as pessoas estavam acostumadas a vir para cá. Nossas aulas aconteciam em tempo real: quatro horas e meia no colégio e quatro horas na faculdade. Em nenhum momento a gente pensou em fazer redução de carga horária.
Na faculdade, fizemos uma pesquisa e os alunos não quiseram voltar, apesar da autorização do Estado. A gente vai manter o ensino remoto até o final do ano. No colégio já voltamos com 100%, nossas salas são amplas. Eu continuo com distanciamento porque tenho estrutura para isso. Não tive um caso de covid aqui dentro, graças a Deus. Nosso protocolo é rígido. Entre colégio e faculdade temos 1,2 mil alunos e 100 profissionais trabalhando sem nenhuma dispensa na pandemia.
A pandemia fez com que vocês expandissem para o EAD. Como foi isso?
Marcela Morandeira – Nós temos mais de 40 cursos de ensino à distância. A nossa ideia já era implantar, mas a pandemia acelerou o processo. Tem público para o presencial e o online. O EAD exige mais disciplina e concentração. Tem qualidade. Se o aluno cumprir a exigência ele consegue um bom diploma.
Você esperava vencer o Prêmio Destaque Empresarial?
Marcela Morandeira – A expectativa é um ponto de interrogação. Voto popular você não sabe o que vai acontecer. Quando ouvimos o nome Faculdade Progresso demos pulos de felicidade. É um sinal de que nosso trabalho tem sido reconhecido pela sociedade.
Qual é o planejamento da faculdade a curto e médio prazo?
Marcela Morandeira – Continuar trabalhando, investindo em educação e oferecendo cada vez mais qualidade de ensino. Temos novos cursos engatados, não vou te abrir por causa da concorrência, mas a ideia é expandir sempre e trazer mais novidades para a cidade, tanto na graduação, como na pós.