Ninguém sabe qual será o futuro de John Kennedy. Só sabemos que dentro deste mundo redondo que gira, o plano era que ele fizesse história neste sábado
Todos nós já escutamos aquela frase: “O mundo gira”. E as pessoas não falam isso porque quando é manhã, aqui no Brasil, é noite no Japão. Ou vice-versa. Também não é uma forma de afrontar os terraplanistas.
Dizemos que o mundo gira quando uma pessoa muda radicalmente de vida. Quem não conhece alguém que já esteve muito bem e, inexplicavelmente, caiu? Ou o contrário: aquele (a) que ressurgiu das cinzas? Se pensarmos bem, vamos nos lembrar deste personagem no nosso dia a dia. Embora, muita vezes, é mais fácil encontrá-lo na ficção.
E a história que vou abordar neste texto parece fictícia, de tão maluca que ela é. Mas ela é real. Muito real.
Dia 15 de janeiro de 2023. Água Santa e Ferroviária estreiam no Paulista, numa manhã de domingo, na Arena Inamar, em Diadema. O time da casa, apesar de não ser tão tradicional como o seu rival, domina a partida e faz o primeiro gol.
Até que entra um menino de 20 anos. Em 15 minutos, ele marca três vezes e dá os três primeiros pontos para a equipe de Araraquara no torneio.
Eu vi aquele jogo, do sofá da minha casa, e, por já ter trabalhado no Água Santa, inclusive em um ano de rebaixamento, acreditava que ali começava mais um campeonato difícil para o clube de Diadema. Já para a Ferroviária, pensava que era o prenúncio de mais um Estadual tranquilo, no qual o time chegaria, pelo menos, às quartas de final.
Num plot twist digno de um belo filme, o Água Santa chegou à decisão e terminou como vice-campeão paulista, enquanto a Ferroviária, que ganhou três pontos fora de casa na estreia e tinha um menino promissor de 20 anos, acabou rebaixada.
Dia 4 de novembro de 2023. Sabe aquele menino que começou a temporada fazendo três gols na periferia de Diadema, mas, que mesmo assim, não livrou seu time do rebaixamento no Paulista? Então, ele entrou numa final de Libertadores, contra um dos times mais tradicionais – e temidos – da América do Sul. Num Maracanã lotado, ele aproveitou uma bola ajeitada na entrada da área e estufou as redes do Boca Juniors.
Gol do Fluminense. Gol de título inédito para o Tricolor das Laranjeiras. Gol de John Kennedy.
Nome de presidente norte-americano. Idade (agora, 21 anos) de menino. Personalidade de um homem.
Brasileiro. Preto. Periférico. Bom de bola. Atrevido. O atacante já foi visto como um problema no Flu por questões extracampo. Mas, na hora que a coisa apertou, ele mostrou que, na verdade, é a solução. E aqui tem muitos méritos do técnico Fernando Diniz, que entendeu como recuperar o jogador.
Ninguém sabe qual será o futuro de John Kennedy. Só sabemos que dentro deste mundo redondo que gira, o plano era que ele fizesse história neste sábado. Todos os Tricolores, inclusive os terraplanistas, agradecem pelas voltas que a Terra dá!