Confira entrevista exclusiva com o presidente do X Supermercados, Silvio Alves, sobre a expansão da empresa
Um sonho de família. Assim pode ser definida a história do X Supermercados. Iniciado no bairro dos Pimentas, em 1993, a empresa possui hoje 11 unidades e um ambicioso plano de expansão para chegar a 20 lojas em 2025. Só em Guarulhos, a proposta é gerar 2,7 mil novos empregos diretos.
O sócio-diretor do X Supermercados, Silvio Alves, que também é presidente da ACE-Guarulhos (Associação Comercial e Empresarial), concedeu entrevista exclusiva para o GRU Diário e contou a trajetória da empresa e os projetos para o futuro.
Hoje, o X possui unidades em Guarulhos, além do Pimentas, no Ponte Alta, Mikail, Macedo e Vila Hulda. A próxima loja será aberta no Parque Cecap em novembro. O supermercado também tem filiais em Itaquaquecetuba, Poá, Mogi das Cruzes e São Paulo. Entre 2022 e 2025, a marca vai instalar oito novas lojas, sendo duas por ano, no centro expandido guarulhense.
A história do X começou, curiosamente, com uma mercearia chamada Nossa Senhora Aparecida, no Jardim Santa Mena, em 1990. Três anos depois, com dificuldades pelo baixo fluxo de clientes, os irmãos Nilton, Jevânio e Silvio decidiram criar o Mercado X na região do Conjunto Habitacional Marcos Freire, nos Pimentas. Dali, só houve crescimento.
Questionado sobre o objetivo da empresa, Silvio não titubiou. Ele quer transformar o X no maior supermercado de Guarulhos.
Confira a entrevista:
Por que vocês escolheram instalar o X Supermercados nos Pimentas?
Silvio Alves – Nós estávamos no Jardim Santa Mena e sentimos que precisávamos ir para um bairro com movimentação maior de pessoas. Era estratégico começar pela periferia. Você, pequeno, querer iniciar o negócio no meio dos grandes é difícil competir. O bairro não tinha grandes supermercados, o comércio estava sendo iniciado e a região tinha acabado de receber o conjunto habitacional Marcos Freire. Compramos uma casinha, derrubamos ela e montamos um salão. Ali foi o início de ter uma marca própria. Daí passamos para frente o ponto da mercearia.
O que fez antes de decidir empreender?
Silvio Alves – Venho de uma família muito humilde. Quando os meus pais, José Alexandre e Judite, vieram para cá as malas eram caixas de papelão. Ficamos em um cômodo de cozinha para dividir com duas famílias. Aos 16 anos meu pai me emancipou no cartório e eu abri a primeira empresa em sociedade com a minha mãe, que foi a mercearia na Santa Mena. Eu comecei a trabalhar com sete anos. Já fiz carreto na feira perto da Guarupass, fui engraxate na Praça Getúlio Vargas, vendi gelinho e peguei papelão na rua. Fui guardinha mirim, empacotador e vendedor de jornal na feira da avenida Paulo Faccini.
Você não tinha experiência em supermercado. Por qual razão entrou nesse ramo?
Silvio Alves – A minha mãe sempre teve o lado comerciante. Ela trabalhou na Microlit como faxineira. Ela comprava roupa, relógio e lingerie no Brás e vendia os itens na porta da fábrica. O sonho dela era que os filhos fossem empresários. Quando decidimos empreender, minha mãe e eu buscávamos uma banca de jornal, mas não encontramos nenhuma. Era um comércio muito forte à época, mas não tínhamos dinheiro para isso. Por coincidência, encontrei nos classificados dos jornais essa mercearia no Santa Mena. A pessoa aceitou vender para nós fiado. Calhou de ser no ramo de alimentação e nos apaixonamos pelo negócio. Depois meus irmãos Nilton e Jevânio vieram trabalhar conosco.
Qual era a maior dificuldade no início do X?
Silvio Alves – Quando você tem um negócio pequeno, você tem que abrir e fechar. É como um maestro que tem que tocar, gerir e fazer tudo. Naquela época, eu e meus irmãos decidimos que iríamos vencer na vida. Trabalhamos muito duro. Abdicamos de muitas coisas que não são fáceis para jovens. O supermercado funcionava todos os dias. Abríamos cedo e depois de fechar tínhamos que ir aos hipermercados para comprar produtos para repor nas prateleiras.
Como surgiu a marca?
Silvio Alves – O X Supermercados nasceu de uma forma engraçada. Quando você quer falar algum tema, sugerir algo, dar opinião, você coloca o X como alternativa: X coisas, X número, X valor. O X se encaixou porque, da mesma forma, procurávamos um nome que fosse fácil de ser gravado e que não tivesse sido registrado. Ouvi uma propaganda de uma Rádio X. Daí pensei em colocar Supermercado X.
Vários supermercados surgiram na periferia de Guarulhos nos anos 1990. O que explica o crescimento de vocês, com expansão também em outras cidades?
Silvio Alves – Quando você gosta do que faz e vai crescendo devagarinho, você vai tendo mais autoestima, ânimo e se apaixonando. Daí você quer crescer e consegue condições para crescer e fica em um caminho sem volta. Você precisa crescer porque você percebe que tem inúmeros ganhos, como em escala, e vai se apaixonando por gerar empregos e consolidar a sua marca. Se você não cresce, você não gera oportunidade para as pessoas. Se eu não cresço, eu não melhoro salário. Todas essas questões levam você a crescer.
Como foi ir da loja 1 para a loja 2?
Silvio Alves – Existe o crescimento de uma loja só em tamanho e faturamento. Você vai ampliando, adquirindo terrenos, se fortalecendo. No nosso caso até tentamos, mas a gente percebeu que comprar a vizinhança estava ficando infinitamente muito mais caro do que montar outra loja. Nós passamos a aumentar o bolo com mais unidades. E quando passamos para as outras lojas o desafio se tornou maior, porque não dá para olhar tudo. A palavra confiança no ramo empresarial é trocada por controle. Com uma loja você conhece todo mundo e tem o olho no olho das pessoas. Com várias lojas não dá para ter isso. É preciso crescer com cautela e planejamento, porque é muito comum quebrar quando a empresa tem filiais.
E como foi a expansão para outras cidades?
Silvio Alves – Foram oportunidades de lojas que adquirimos, de encontro com outros empresários que entenderam que era melhor se desfazer das lojas. Da nossa parte estávamos prontos para expandir.
Qual é o grande objetivo do X hoje?
Silvio Alves – O grande objetivo do X, nos próximos quatro anos, é nos tornarmos o maior supermercado de Guarulhos. Para ser o maior não precisa ter uma loja maior do que todas as outras. Você pode ter várias lojas que, somando todas, seja a maior. Queremos nos consolidar como o supermercado número 1 da preferência do consumidor na cidade de Guarulhos.
Qual é o plano de expansão para os próximos quatro anos?
Silvio Alves – É abrir duas lojas por ano. Vamos chegar a 20 lojas. A gente tem um planejamento na região central. Nós vamos trabalhar muito forte nessa região, até porque começamos na periferia. Vamos do Centro até os limites com São Paulo, em Vila Galvão e Ponte Grande. Hoje são 2,5 mil empregos gerados na rede X. Com a loja do Cecap, que vai ser inaugurada em novembro, vamos para 2 mil empregos apenas em Guarulhos. Com as oito novas lojas serão criadas 2,4 mil vagas diretas, além das indiretas.
O que representa a cidade de Guarulhos para você?
É importante comercialmente, mas tem o lado emocional. É a cidade que nos acolheu, onde crescemos, onde iniciamos, onde escolhemos para criar nossos filhos, que conhecemos com a palma da nossa mão.
Antes de explorar outras cidades, queremos fazer a geração de empregos e econômica aqui. Guarulhos tem muito ainda a crescer. O que faz uma cidade crescer é a geração de empregos. Não tem como uma cidade se desenvolver só com hospitais e escolas. Tem que ter emprego, seja por serviços, indústria ou comércio.
Como presidente da ACE sempre defendo que para ter empregos tem que ter empresas. É muito importante trabalhar pela desburocratização para criar mais vagas. É inadmissível o poder público atrapalhar que atividades lícitas se instalem. Tem que ser promovido. Não tem que ter dificuldade, pelo contrário, você tem que premiar e incentivar.