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Serial killer brasileiro que matou 3 mulheres nos EUA pode ter vivido em Guarulhos

Foto: Reprodução/ Gabinete do Xerife do Condado de Broward
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Histórico de crimes começou no Brasil e terminou com a morte do piloto, em 2005, no Paraguai

O piloto brasileiro Roberto Wagner Fernandes, apontado pela polícia estadunidense como o serial killer que assassinou três mulheres na Flórida, nos Estados Unidos, pode ter vivido em Guarulhos, no final dos anos 1990, em endereço desconhecido. 

Foi em Guarulhos que o paranaense, então com 33 anos, recebeu uma carta precatória do Júri de Londrina (PR), em 1998, o intimando a voltar para a cidade onde deveria ser interrogado. Ainda não se sabe se Fernandes retornou para Londrina, nem mesmo para onde foi depois de passar por Guarulhos – ou quanto tempo ficou aqui. Dois anos antes, Fernandes assassinou a mulher, a professora Danyelle Amaral Bouças Fernandes, de 27 anos.

O piloto também foi funcionário da extinta companhia aérea Transbrasil, que operou no Aeroporto de Guarulhos, em Cumbica, por muitos anos. Os Boeings da empresa chamavam atenção pelo desenho de arco-íris na cauda. O vínculo com a companhia pode explicar a ligação de Fernandes com a cidade. 

O que ficou comprovado, após exames de DNA e comparação de impressões digitais, é que Fernandes matou Kimberly Dietz-Livesey, de 35 anos, Sia Demas, de 21, e Jessica Good, de 24 anos, no estado da Flórida. Os crimes ocorreram num intervalo de 14 meses, entre os anos 2000 e 2001. As três vítimas foram assassinadas brutalmente, Kimberly e Sia foram espancadas até a morte e encontradas dentro de uma mala e de uma mochila, respectivamente. Jessica foi esfaqueada e jogada numa lagoa. 

Serial killer brasileiro que matou 3 mulheres nos EUA pode ter vivido em Guarulhos
Kimberly Dietz-Livesey, Sia Demas e Jessica Good (Foto: Gabinete do Xerife do Condado de Broward)

A ligação do brasileiro, morto em 2005, com o assassinato das três jovens foi anunciada em uma coletiva de imprensa, na última terça-feira (31), pela polícia do condado de Broward, na Flórida. “A justiça nunca expira”, disse o xerife Gregory Tony. A frase expressa todo o esforço durante 20 anos na busca pelo assassino das três mulheres e alívio ao dar para as famílias um desfecho.

As autoridades americanas não descartam a possibilidade de Fernandes ter praticado outros assassinatos nos EUA e acreditam que novas vítimas vão aparecer após a divulgação do caso. O brasileiro tinha como padrão o envolvimento com garotas de programa, como no caso das três mulheres mortas, que também tinham vício em drogas.

Ao longo dos anos a polícia brasileira colaborou com as investigações. Inclusive, houve atuação do Ministério Público do Paraná (MPPR) na exumação do corpo de Fernandes, ocorrida entre o final do ano passado e início deste ano, para coletar material genético. 

O procedimento foi realizado por desconfiança dos EUA de que Fernandes poderia ter forjado a sua morte. O Ministério Público do Paraná informou ao GRU Diário que um inquérito foi instaurado na 5ª Vara Criminal de Londrina para apurar eventual simulação da própria morte pelo serial killer, mas o laudo pericial confirmou o óbito do piloto em 11 de dezembro de 2005, e o inquérito foi arquivado.  

Morte no apartamento 

O assassinato da mulher de Fernandes é possivelmente o primeiro crime cometido por ele e repercutiu nas páginas policiais da imprensa local. Segundo informações obtidas pelo GRU Diário junto ao TJ-PR, há outros quatro processos na Justiça envolvendo o nome do piloto, mas o conteúdo ainda é sigiloso. 

Danyella foi morta na madrugada de 18 de novembro de 1996 com dois tiros, um no abdome e outro na região do tórax, no apartamento onde vivia com o piloto e a filha de 5 anos, na rua Piauí, no centro de Londrina. Depois de matar a mulher, ele fugiu com a filha.

Três dias após o crime, Fernandes, com 31 anos, se apresentou à polícia e contou que os disparos foram acidentais. Segundo ele, os dois começaram uma discussão depois da ligação de uma garota de programa, de 24 anos, com quem ele se envolveu. Ela vinha exigindo um pagamento de R$ 200 do piloto e queria confirmar se o cheque que recebeu dele tinha fundos. 

Foi a esposa quem atendeu o telefone. De acordo com Fernandes, ela teria ido o quarto onde ele estava com uma pistola Taurus calibre 380 e o ameaçado de morte, foi quando entraram em luta corporal. Vizinhos relataram terem ouvido o casal discutir e vários gritos, seguidos de tiros. Danyella morreu no local mesmo sendo socorrida.

A garota de programa acusou o piloto de agressão e tentativa de homicídio. O valor cobrado seria para pagar a despesa do hospital onde foi socorrida ao ser levada pelos amigos. Segundo ela, Fernandes cheirou cocaína, estava alcoolizado e ficou transtornado. O piloto admitiu o encontro com ela e negou as acusações.

Reportagem do jornal Folha de Londrina relata que quatro anos após a morte da esposa, em 2000, Fernandes teve prisão preventiva decretada, mas nunca foi localizado pelo oficial de justiça. Ele já estrava morando nos Estados Unidos. 

Desde o homicídio, Fernandes vivia fugindo e fez algumas viagens para os Estados Unidos e chegou a trabalhar como comissário de bordo e motorista de ônibus em Miami, onde morou por um tempo. 

Voo trágico no Paraguai

O avião pilotado por Roberto Wagner Fernandes caiu no Paraguai, em dezembro de 2005, na região de Misiones, próxima à fronteira com a Argentina. A queda da aeronave matou Fernandes, aos 40 anos, sem que ele tivesse respondido pelos crimes das três mulheres nos EUA. 

Havia uma suspeita por parte da polícia de que o avião era usado para transportar contrabando do Paraguai como drogas, cigarros e produtos eletrônicos.   

Fernandes trabalhou durante anos como piloto particular e em companhias aéreas. Os colegas o consideravam um homem quieto e tranquilo. 

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