A flexibilização da quarentena em Guarulhos pode colocar o governador João Doria (PSDB) e o prefeito Guti (PSD) em confronto. Enquanto o gestor local decretou medidas de liberação de alguns setores nesta quarta-feira (22), o Plano São Paulo, anunciado por Doria, no Palácio dos Bandeirantes, indica que a reabertura de Guarulhos deve ser mais lenta do que a maioria das cidades paulistas.
Pelo decreto estadual, os comércios não essenciais devem ficar fechados até o Dia das Mães, 10 de maio. A reabertura, a partir do dia 11, será feita de acordo com a evolução dos casos do novo coronavírus em cada município. O Estado vai analisar as cidades por níveis verde, amarelo e vermelho, como os sinais de trânsito. Os critérios serão casos novos, quantidade de leitos de UTI livres e testes disponíveis.
Hoje, Guarulhos é considerado em zona vermelha, com elevado número de casos novos. Segundo a Secretaria de Estado da Saúde, Guarulhos é a segunda cidade do Estado com mais pacientes infectados pela covid-19 (330) e óbitos (28), atrás apenas da capital. A Secretaria Municipal de Saúde indica que a situação é pior, com 37 mortes confirmadas, além de 71 suspeitas.
Para ter a reabertura plena de um município, o Governo do Estado impõe que haja baixo índice de novas infecções, baixa ocupação de leitos de UTI, testagem disponível e protocolos setoriais implementados. Por enquanto, Guarulhos não se enquadra em nenhum dos requisitos.
Na coletiva de imprensa, Doria indicou que vai buscar diálogo com os prefeitos que flexibilizaram as regras estaduais, mas ponderou que adotará medidas judiciais se não for atendido por eles. Questionado, Guti não respondeu a ameaça do governador e justificou “que o novo decreto publicado ontem (21) está em vigor até o próximo dia 5 de maio. Novas regras de reabertura do comércio, com a implantação da segunda fase, dependem ainda do comportamento da população e, principalmente, dos índices de contaminação da Covid-19, que são analisados diariamente”.