Ao todo, reportagem do GRU Diário ouviu dez pré-candidatos sobre o tema
Na última sexta-feira, 3, o prefeito Guti (PSD) teve de retroceder no plano de reabertura econômica após uma decisão da Justiça que determinou que Guarulhos seguisse o Plano São Paulo do Governo do Estado.
Bares, restaurantes e academias não puderam reabrir e igrejas e salões de cabeleireiros voltaram a fechar. Horários de atendimento também foram reduzidos.
O prefeito disse que vai recorrer da decisão e que Guarulhos tem um controle da contaminação pelo novo coronavírus melhor do que a Capital, que avançou no plano de flexibilização. De acordo com Guti, a decisão do governador João Doria é “incoerente”, já que separa a cidade de São Paulo dos demais municípios da Região Metropolitana de São Paulo. Na opinião dele, há maior risco de contaminação dos guarulhenses que forem à capital paulista.
Na terça-feira, 8, o GRU Diário divulgou uma matéria com seis pré-candidatos a prefeito de Guarulhos sobre a retomada econômica na cidade e sobre o impasse entre Prefeitura e Governo do Estado.
Para dar equidade e proporcionar o mesmo direito de expressão a todos os interessados o GRU Diário decidiu ouvir outros quatro pré-candidatos – além de Guti e outros seis já ouvidos pela reportagem – à Prefeitura de Guarulhos sobre como eles acompanham esta situação e o que eles acham que poderia ser feito. Veja abaixo o posicionamento de cada um.

“A política implementada pelo governo municipal não é um pacto pela vida, é um pacto pela reeleição. Lamentável a forma que o prefeito vem conduzindo o enfrentamento a esta pandemia, a relação com outros governos, com a sociedade civil e com as inteligências conectadas. Ao mesmo tempo que o prefeito Guti fala que gostaria de reabrir gradativamente o comércio ele cassa uma liminar do transporte público não dando o acesso as pessoas ou aglomerando as pessoas no transporte público. É lamentável não tomarmos decisões baseadas em alguns estudos. Existem estudos que apontam que o confinamento é ineficiente em lugares com submoradias ou como moradias irregulares. Nós tínhamos que fazer um belo estudo de campo. São mais de quatro meses de pandemia, ninguém aguenta mais, devagar a abertura é necessária, mas com protocolos para manter o mínimo de garantias sanitárias. Foi apresentado um protocolo feito pela Associação Brasileira de Limpeza por pessoas que entendem muito de limpezas hospitalares que não foi acatado pelo governo municipal. É lamentável essa guerra entre prefeitura e Estado, agora é hora de unidade, de entender profundamente os relatórios para tomar decisões. Se realmente nossos números são diferentes porque não apresentou ao Governo do Estado qual eram as nossas condições? Ao invés disso faz politicagem usando toda a sociedade civil, usando trabalhadores, comerciantes, quem precisa trabalhar. Esta questão econômica é tão importante quanto a saúde, porque também mata”.
Alexandre Zeitune, pré-candidato a prefeito pela Rede

“Eu entendo que o principal sentimento do ser humano é a lisura e a hipocrisia é algo que eu abomino. Eu vejo governantes hora apoiando o Doria quando ele está surfando em uma onda positiva e ficando do lado do Bolsonaro quando o Doria está mal. Isso é uma coisa abominável no meu entendimento. A população brasileira passa vergonha frente ao mundo, de prefeitos a governadores e presidente insanos, desrespeitosos, transformando a morte das pessoas em motivo para tirar vantagem política pessoal, cada um fazendo as coisas a seu mero prazer. A única coisa que importa hoje é a vida de quem está morrendo e os problemas da economia enquanto uns só querem saber como está seu percentual na pesquisa. A retomada da economia na cidade deve ser feita de uma forma inteligente mediante as informações que temos dos órgãos reguladores da saúde, de forma coordenada. Existem cidades que tiveram que fechar antes da hora e cidades que abriram em um período errado. Prefeitos quiseram tirar vantagem e declarar decreto de calamidade pública para se fartar das compras sem instrumentos reguladores da lei de responsabilidade fiscal e gastar ao seu bel-prazer. Eu me sinto envergonhado como político de ver a minha classe atuando de forma tão negligente como a forma pública que está acontecendo, em todas as esferas. O comércio da cidade deve respeitar os indicadores dos órgãos que regulam a saúde e a cientificação sobre o que está acontecendo. A saúde das pessoas tem que estar em primeiro lugar.”
Wagner Freitas, pré-candidato a prefeito pelo PTB

“Acredito que todas as medidas tomadas devem visar a preservação da vida, nesse momento. Se a classe trabalhadora, especialmente os mais pobres, que são os que mais padecem nessa pandemia, morre, quem irá reconstruir o país? Um menor prejuízo econômico se apequena frente ao desespero de famílias destruídas por suas perdas. Lamentavelmente, não temos um presidente capaz de dirigir o país no momento da crise, pelo contrário, minimiza o problema e contribui para o contágio, negando a ciência enquanto faz lobby para certo medicamento. Uma política genocida. Doria tenta mediar o discurso, agindo dentro de uma construção de imagem visando as eleições de 2022 e fazendo concessões a grande elite paulistana. Guti, por sua vez, também precisa responder a elite local de Guarulhos, a quem representa e por quem é financiado. Todos, com mais ou menos moderação, colocam o lucro acima da vida. Guarulhos e o Brasil precisam de um projeto que responda os anseios dos trabalhadores, enfrentando a pandemia, auxiliando as pessoas para que não sejam forçados escolherem entre morrer pelo vírus ou de fome. Outra alternativa é possível, trazendo um programa econômico de recuperação justo, que aqueça a economia usando o Estado para gerar trabalho e maior distribuição de renda, que contemple a classe que de fato produz e sustenta nossa cidade e país. Até lá, o Estado tem reservas para preservar vidas, e a elite tem “gordura para queimar”, não venham empurrar os trabalhadores no abismo da morte por, simplesmente, não aceitarem diminuir margens de lucro.”
Ivan Canoletto, pré-candidato a prefeito pelo Psol

“Nós sabemos que temos um vírus que está matando muita gente, mas por outro lado temos um problema econômico que também está matando muita gente. Dá para abrir os comércios, mas é preciso que a Prefeitura faça uma fiscalização. Na região do Centro você tem uma maior fiscalização, mas em alguns lugares, como no Pimentas, existem pessoas que prestam atendimento sem máscara. Salões de cabeleireiros, por exemplo, não precisa ter muita gente lá, basta atender com horário marcado. Sobre o impasse com Estado, a Prefeitura tem de ter autonomia. Se a Prefeitura tem como fiscalizar e tem capacidade de atendimento com vagas de UTI disponível e uma estabilidade de internações e óbitos, pode reabrir o comércio desde que seja capaz de fiscalizar.”
Auriel Brito, pré-candidato a prefeito pelo PCdoB