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Estudo com alunos de Guarulhos aponta que tempo de tela afeta saúde mental na pandemia

Foto: Ralston Smith/Unplash
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Pesquisa da Unifesp identifica relação direta desse fator, além da inversão de sono, com sintomas de depressão e ansiedade

Na ausência da rotina escolar, jovens estudantes de escolas públicas da capital e de Guarulhos, que passam mais tempo diante de telas e trocam a noite pelo dia apresentam com mais frequência sintomas de depressão e ansiedade na pandemia de covid-19. Os dois comportamentos, ao lado de ser do sexo feminino, foram os fatores mais associados a esses sintomas, segundo estudo recentemente publicado por pesquisadores da Universidade Federal de São Paulo (Unifesp).

O grupo interdisciplinar constatou que estudantes do 9º ano do Ensino Fundamental e do Ensino Médio de 21 escolas públicas estaduais e municipais, localizadas nas periferias dos municípios de São Paulo e Guarulhos, apresentaram triagem positiva em 10,5% para depressão e 47,5% para ansiedade. O critério adotado foi o Inventário de Depressão Infantil e de Ansiedade pelo SCARED (Screen for Child Anxiety Related Emotional Disorders).

Foram analisadas 401 respostas de estudantes entre 14 e 17 anos, sendo 318 oriundas de 16 escolas municipais e 3 escolas estaduais localizadas nas zonas leste e norte da capital paulista, além de 83 casos em 2 escolas estaduais da região dos Pimentas, em Guarulhos. O estudo ainda aponta que cerca de 60% dos participantes eram mulheres. 

“Outros fatores revelaram estar relacionados a esses quadros. Quem avalia que o conhecimento adquirido na escola é importante tende a ter menos sintomas de depressão. Quem teve caso de covid-19 em casa apresentou mais sintomas. Essas tendências também se verificaram em relação à ansiedade, mas testes estatísticos não puderam confirmar efeito consistente”, explica Daniel Arias Vazquez, professor e pesquisador da Unifesp.

O professor também destaca que o artigo evidencia uma falsa dicotomia entre agravamento da saúde mental e volta às aulas em meio à pandemia, bastante presente no debate público.

“Se, de um lado, o retorno à rotina escolar reduzirá a exposição às telas e a inversão do sono, amenizando os sintomas de depressão e ansiedade; por outro lado, deve-se ter em mente que a incidência de casos de covid-19 na família também impacta a saúde mental dos estudantes, podendo se tornar um fator ainda mais preponderante com o agravamento da pandemia”, descreve Vazquez.

O estudo envolveu questionário disponibilizado na internet e autopreenchido pelos jovens entre 29 de outubro e 14 de dezembro de 2020, quando as escolas estavam sem aula presencial. Para ter acesso aos estudantes e a autorização formal das escolas e dos pais, a pesquisa contou com o apoio do coletivo Brigada pela Vida, que congrega diferentes setores do movimento de educação e saúde, com participação de professores e diretores das escolas.

A equipe da Unifesp responsável pelo estudo que consta no artigo Vida sem Escola e a saúde mental dos estudantes de escolas públicas durante a pandemia de Covid-19, publicado como preprint pela plataforma Scielo, é multidisciplinar e intercampi. São autores(as) do estudo os(as) professores(as) Daniel Vazquez, Sheila Caetano, Rogerio Schlegel, Elaine Lourenço, Ana Nemi, Andrea Slemian e Zila Sanchez, especialistas em educação, psiquiatria, políticas públicas e epidemiologia, oriundos(as) dos departamentos de Ciências Sociais, História, Psiquiatria e Medicina Preventiva da Unifesp.

(Fonte: Unifesp)

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