Especialista afirma que empresas precisam buscar sustentabilidade
Em abril de 2020, com a pandemia do coronavírus, Jean Cesar Lanaro, proprietário da Special Gases do Brasil, na Cidade Satélite Industrial de Cumbica, em Guarulhos, mandou os funcionários ficarem em casa, preocupado com a chegada de uma nova crise financeira ao país. Ao invés de ficar reclamando do problema, ele percebeu algumas oportunidades de negócio e, hoje, conseguiu crescer 30% do faturamento com as inovações implementadas.
A Special esperava há dois anos autorização para produzir oxigênio medicinal. Em junho do ano passado, a indústria conseguiu a liberação da Anvisa (Agência Nacional de Vigilância Sanitária). No final do ano, outra medida audaciosa. A empresa ampliou a fábrica e dobrou a produção de gelo seco, essencial para o armazenamento de vacinas.
Neste período, a Special teve que aumentar o quadro de funcionários de 52 para 68. E poderia atender uma demanda ainda maior, se não houvesse escassez de matéria prima para produção do oxigênio medicinal, que está em falta em centenas de municípios no Brasil.

“Entendemos a situação e surfamos nessa onda. Se não tivéssemos inovado teríamos problemas. O setor de eventos, por exemplo, que atendíamos, zerou o faturamento”, avaliou Lanaro.
Antes da pandemia, a Special vendia gás para chope em grandes festivais musicais, como Rock in Rio e Lollapalooza. A indústria ainda produz gás industrial, liquefeitos, entre outros.
Apesar do aumento do faturamento, Lanaro reconhece a gravidade da pandemia. Ele diz que 30% dos funcionários chegaram a ser afastados após terem contraído o coronavírus. Quando a pandemia passar – e a demanda por oxigênio medicinal cair – o empresário acredita que a indústria se manterá mais forte.
A Special tem fornecido oxigênio medicinal para várias prefeituras, como Itaquaquecetuba e Carapicuíba. A indústria enviou cilindros para Manaus, no Amazonas, quando a cidade passou por um grave desabastecimento.
Especialista incentiva empresários a inovarem
Com o fechamento dos comércios não essenciais há mais de um mês, muitos empresários estão com sérias dificuldades financeiras. Para o empresário Marcelo Germano, especialista em gestão empresarial e idealizador do método do EAG – Empresa Autogerenciável, é preciso que os gestores busquem soluções para manter a sobrevivência das empresas.
Lanaro conseguiu oferecer novos produtos para aumentar o faturamento. Outros segmentos não possuem essa possibilidade. Ainda assim, Germano avalia que os empresários não devem desistir.
“Tem empresário que conseguiu aumentar 50% as vendas pelo delivery. Um cabeleireiro pode vender vouchers, com preços reduzidos, para garantir alguma entrada de dinheiro neste momento. Sempre há soluções. É possível reduzir custo, aumentar o ticket médio, o que não dá para fazer é só reclamar”, opina.