Médico chegou a receber ameaças de morte
Em coletiva de imprensa sobre os 50 anos do Fantástico, da TV Globo, o médico Drauzio Varella voltou a comentar o abraço que deu na travesti Suzy Oliveira, em um presídio em Guarulhos, durante uma reportagem, em 2020. Ele chegou a receber ameaças de morte.
À época, o ato de Drauzio ganhou repercussão como um ato de caridade. Contudo, depois, se descobriu que Suzy tinha sido condenada por estuprar e matar uma criança de nove anos. Ele passou a ser criticado por ter compaixão e empatia por uma criminosa e não pela família da vítima.
“Esse caso aconteceu em um presídio lá em São Paulo, em Guarulhos, com uma travesti. O erro foi meu, totalmente meu. Eu trabalho em cadeias há mais de 30 anos e nunca na minha vida eu abracei um preso. Não faz parte do relacionamento que eu tenho com eles, mas ali no ‘Fantástico’ eu estava como repórter, na verdade. Estava como jornalista, falando daquela realidade”, comentou.
O médico ressaltou que não sabia qual crime tinha sido cometido pela travesti.
“E naquele momento, aquela pessoa que eu não sabia o que tinha feito… Porque o princípio básico que eu sempre utilizei, que aprendi com os carcereiros mais velhos, é que você não pergunta o que a pessoa fez. Eu sou médico, não sou juiz. Tem gente mais preparada do que eu para julgar. E eu me comovi com aquela pessoa que me olhou de um jeito tão desprotegido, tão triste, que me deu vontade de dar um abraço nela”, disse.
Drauzio lamentou o tamanho da repercussão do caso e as ameaças que recebeu.
“Aquilo não fazia parte do script, nem caberia. Toda essa confusão que foi armada, todos esses problemas que nós enfrentamos… Eu, pessoalmente, (recebi) ameaças de morte, etc… Quando eu olho pra trás, eu lamento o que aconteceu, é claro, mas isso foi gerado por um abraço. Isso que é a tristeza, gerar uma coisa tão violenta assim por um abraço”, afirmou.