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Crescimento do GRU Airport pode prejudicar a saúde dos guarulhenses?

Aeroporto Internacional de Guarulhos
Foto: Rovena Rosa/Agência Brasil
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Cidadãos que residem próximo ao GRU Airport podem ter saúde comprometida

O Aeroporto Internacional de Guarulhos, após a pandemia do coronavírus, vem crescendo cada vez mais, batendo recordes de passageiros. No ano passado foram 43,6 milhões de passageiros. A intensificação dos voos comerciais gera preocupação entre especialistas ambientais e da saúde sobre os riscos gerados pela dispersão de combustíveis fósseis, principalmente entre os moradores da cidade.

O professor Abrão José Cury Júnior, docente do Departamento de Medicina da Unifesp (Universidade Federal de São Paulo), explicou que, de uma maneira geral, a recomendação é evitar permanecer em determinadas regiões, em momentos específicos, como em lugares com muita concentração de automotores, em horários de pico, pois nesses momentos, os motores ligados vão soltando os poluentes.

Em aeroportos, há horários também de maior movimentação. Ele orienta que é importante deixar, na medida do possível, janelas e portas fechadas em casa, pois são uma barreira para a entrada destes elementos nocivos dentro da moradia, e também, caso possível, se faça a utilização de protetores solares em residências ou áreas no entorno.

Abrão comentou que muitos fatores envolvem estas substâncias que prejudicam a saúde das pessoas, como a corrente de vento, se os aviões, estão decolando ou pousando, tipos de aeronaves, barreiras naturais (entre a pista e a casa ou condomínio há alguma defesa natural, como plantação de árvores), além de que é preciso que seja feita uma medida adequada em volta no entorno das pistas para ver até onde essa poluição está sendo comprometedora, ou não. Por exemplo, dependendo da distância, pode não comprometer, podendo se tornar apenas uma poluição sonora.

Os aviões emitem vários poluentes, como dióxido de nitrogênio, ozônio, elementos traços, além de material particulado. Outra medida muito eficaz é a utilização de máscaras no rosto (cobrindo a boca e nariz). Um exemplo é Pequim, na China, onde há este hábito entre os moradores por conta desta região ter uma constância na concentração dos poluentes absurda, o que ajuda a filtrar e reduzir a inalação. Foi realizado estudos com garis, que trabalhavam em regiões onde haviam muitos automotores, e a máscara ajudava muito neste processo de proteção. Mesmo que máscaras comuns não sejam 100% protetoras, como o modelo utilizado durante a pandemia do covid-19, elas colaboram muito para a defesa do corpo além também de haver máscaras especiais, como a PFF2/95 com filtro.

De acordo com o especialista, o que determina mortalidade de uma região é definido por vários fatores, sendo um deles, o socioeconômico, que sem dúvida nenhuma, entra em primeiríssimo lugar, onde pessoas da possuem uma faixa etária maior nas regiões do Sul e Sudeste do Brasil, que em comparação para o Norte e o Nordeste. Além de que nem toda a cidade de Guarulhos vai sofrer esse mesmo impacto da poluição.

professor Abrão José Cury Júnior, docente do Departamento de Medicina da Unifesp
Foto: Divulgação

Gestão Guti não conseguiu emplacar taxa ambiental

A Prefeitura de Guarulhos vem em disputa há mais de uma década com companhias aéreas e a GRU Airport sobre as consequências ambientais por conta do aeroporto. A gestão do ex-prefeito Guti (PSD) criou, em 2022, a TPA (Taxa de Preservação Ambiental), que seria cobrada sobre aeronaves que operam no GRU Airport, com o objetivo de gerar recursos para projetos de proteção ambiental e saúde pública. A taxa seria calculada com base no peso da aeronave e cobrada das empresas aéreas, com a finalidade de cobrir custos de proteção ambiental e saúde pública, além de permitir a suspensão da cobrança da taxa do lixo aos moradores do município.

Entretanto, a cobrança não foi efetivada, por ter sido considerada inconstitucional pelo TJSP (Tribunal de Justiça de São Paulo), após ação da Abear (Associação Brasileira de Empresas Aéreas). A cobrança serviria como uma espécie de compensação ambiental para os danos causados pelas aeronaves, que consomem uma quantidade maior de combustível durante os processos de pouso e decolagem, acarretando problemas maiores nas áreas de aproximação ao Aeroporto.

Desde o segundo semestre de 2002, a Prefeitura de Guarulhos deveria emitir relatórios estatísticos detalhados sobre os danos causados à saúde dos moradores residentes em zonas aeroportuárias. É o que prevê a Lei municipal 5.700/2001, sancionada pelo então prefeito Elói Pietá (PT), que também nunca foi cumprida na cidade.

Estudos

Há alguns anos atrás foram realizados estudos no mundo todo onde se observa uma piora na condição clínica de pacientes já hipertensos por substâncias que são disparadas no ar e inaladas. Pesquisas em todo o mundo associam a concentração de poluentes no ambiente atmosférico decorrentes da queima de combustíveis fósseis a problemas cardiológicos, relacionados à piora da condição clínica. Além também da piora para quem tem insuficiência cardíaca e até mesmo aumento no número de infarto. Isso ocorre porque são as substâncias dispersas na atmosfera, que ao serem inaladas, caem na corrente sanguínea, e entram em contato com a camada de vasos arteriais e geram uma resposta inflamatória neste local, desencadeando complicações, podendo levar a arritmia; ou que tem um grau de entupimento, a piora; leva ao infarto do coração; crise de hipertensão; piora para quem tem problema respiratório, como sinusite, rinite; aqueles que possuem maior sensibilidade na pele também podem ter comprometimento. Todas estas consequências derivam de poluentes originários da gasolina, querosene provenientes de automotores e em aeronaves.

Embora nenhum seja inofensivo, o ozônio troposférico e o NO₂ causam efeitos mais irritativos e agudos, geralmente reversíveis em pessoas saudáveis, quando comparados com o material particulado e os metais pesados, que acumulam e causam danos permanentes.

Segundo especialistas, as pessoas que se expõem a um grande volume de poluentes, seja ele em áreas de terminais, indústrias ou aeroportos, estão sujeitos a redução de sua expectativa de vida, e paciente residentes em áreas como essas são mais vulneráveis em desenvolver essas doenças, caso ainda não tenham. Nota-se que a desidratação, boca seca, olhos com aspectos de cansados e vermelhos são normais para esse tipo de exposição frequentes.

Doenças como conjuntivite, asmas, sensação de falta de oxigênio, exposição para doenças como covid entre outros também são normais. O dióxido de nitrogênio, que agrava asma e infecções respiratórias e inflama as vias aéreas. As partículas minúsculas sólidas e líquidas que ficam no ar, e facilmente inaladas, metais pesados podem ser considerados bem preocupantes, tanto pelo tempo que ele demora para ser eliminado, quanto que não são 100% eliminados. Ademais, o dióxido de nitrogênio gera uma certa inflamação pulmonar, bronquite e agravante em pneumonia, e é considerado por especialistas como um dos gases mais perigosos para a saúde humana proveniente deste tipo de combustível.

Seria necessário medidas, com critério de um órgão oficial, ao longo do período de 1 ou 2 meses para constatar se a poluição está em um nível anormal.

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