Um dos melhores goleiros que já vestiu a camisa do Flamengo de Guarulhos, Wagner Asmir viu sua carreira se encerrar prematuramente. Em 2018, com 31 anos – uma idade “de garoto” para a posição, já que os arqueiros conseguem estender sua validade pelo menos até os 38 -, o Paredão sofreu sua segunda lesão no joelho, pelo segundo ano consecutivo, defendendo o escudo do São Carlos.
Por conta do problema, o carismático goleiro resolveu pendurar as chuteiras. Ou melhor, as luvas. Hoje, atua como agente de viagens em sua própria empresa. Seus clientes? A maioria, amigos que fez no mundo do futebol.
Ele admite que tem um sentimento especial pelo Corvo, no qual jogou nos anos de 2009, 2016 e 2017. “Dos 12 clubes que passei no profissional, o Flamengo é o que eu mais me identifiquei. Planejava encerrar a carreira por lá”, afirmou, em conversa exclusiva com o GRU Diário.
Na primeira vez que vestiu a camisa do Corvo, Wagner defendeu a meta do clube guarulhense na Copa Paulista. Não foi muito longe, pois o Rubro-Negro ficou com a última posição em um grupo complicado, com Juventus, Audax e Palmeiras sendo os principais rivais. “No fim de 2015, recebi o convite do Edsinho [Edson David, à época membro da diretoria do Flamengo e, posteriormente, presidente do clube] para retornar e jogar a Série A3 de 2016”, contou o ex-goleiro.
O atleta nem imaginava que faria uma incrível temporada com um elenco montado especialmente para a conquista do tão sonhado acesso à Série A2 do Paulistão. “Foi um ano inesquecível. Só não foi perfeito porque não conseguimos subir”, fala Wagner.
E foi por pouco: o Corvo ficou 17 partidas invicto na competição, vencendo a primeira fase com 40 pontos somados. Na segunda etapa, no entanto, acabou na vice-liderança de seu grupo e viu o Sertãozinho ir à final e, posteriormente, conquistar o título.
Wagner lembra com carinho daquele ano. “Fomos a defesa menos vazada. O Tom e o Daniel Bueno [atacantes do Flamengo] ficaram entre os artilheiros da competição. O Corvo foi a equipe que mais levou torcedores ao estádio”, contou.
Com o fim do sonho, mas com grande esperança, o goleirão acabou renovando o contrato até o fim de 2017. Mas o ano mágico tinha, de fato, acabado. Em sua segunda temporada seguida pelo Flamengo, Wagner até operou milagres na meta rubro-negra.
Mas não foi o suficiente: aos poucos, o Corvo foi demonstrando pouca força e, para desespero dos torcedores, atletas e direção, acabou caindo para o fundo do poço do Campeonato Paulista.
Com apenas 17 pontos conquistados, em 57 disputados, não houve outro resultado senão a queda para a última divisão do Paulistão. Durante o campeonato, Asmir teve a primeira lesão no ligamento cruzado do joelho esquerdo. “Foi um ano muito difícil. Eu machucado e ao mesmo tempo acompanhando o Flamengo sendo rebaixado”.
Na “Bezinha”, até aquele ano, apenas três jogadores acima de 23 anos poderiam defender os clubes. Mas mais dois duros golpes aguardavam por Wagner: em 2018, a FPF anunciou que a divisão seria exclusivamente Sub-23. Emprestado para o São Carlos, ele teve a segunda lesão no joelho esquerdo.
Apesar de ter condições de retornar aos gramados, Wagner prometeu para si mesmo que só voltaria caso o Flamengo subisse à Série A3.
Queria defender novamente o time do Jardim Tranquilidade. Porém, isso não aconteceu e o goleiro decidiu apostar em sua nova carreira, agora longe dos gramados, mas ainda perto dos antigos colegas.
“Tenho muitos clientes na parte do cooperativo, jogadores de futebol que tiveram que voltar para suas cidades. Isso está me mantendo. A parte de turismo, férias, hotéis, com a pandemia parou 100%”. Por enquanto, ver Wagner vestindo de novo as luvas e a camisa rubro-negra ficará no imaginário da torcida.