O governo dos Estados Unidos incluiu três nomes na lista de terrorismo; dois negam participação
O Departamento do Tesouro dos Estados Unidos incluiu na lista de terrorismo, nesta quarta-feira (22), uma rede brasileira de apoiadores e financiadores afiliados à Al Qaeda – e suas empresas – pelo apoio ao grupo terrorista.
Foram identificados três estrangeiros que moram e têm negócios no Brasil: Haytham Ahmad Al-Maghrabi e Mohamed Sherif Awadd, de origem egípcia, e Ahmad Al-Khatib, de origem libanesa.
Awadd e Ahmad Al-Khatib têm lojas no ramo de móveis com sede em Guarulhos. Seus negócios devem sofrer sanções econômicas.
Segundo o Departamento, “as atividades desta rede sediada no Brasil demonstram que a Al Qaeda continua sendo uma ameaça terrorista global generalizada”. Os EUA estão empenhados em trabalhar com parceiros estrangeiros, incluindo o Brasil, para desmantelar as redes de apoio financeiro da Al Qaeda.
“Desde os ataques terroristas de 11 de setembro de 2001, de autoria da Al Qaeda, a rede e suas afiliadas regionais continuam a representar uma ameaça para os EUA e alvos em todo o mundo. Embora a Al Qaeda e suas afiliadas regionais gerem seus financiamentos a partir de campanhas individuais de arrecadações de fundos nos países do Golfo e apoiadores em todo o mundo, eles também continuam a buscar fundos e outros recursos de apoiadores sediados nos EUA”, diz trecho da nota.
Como a rede terrorista gera quase toda sua receita fora dos EUA, o governo norte-americano tem utilizado intensamente ferramentas financeiras para limitar os fluxos de financiamento da Al Qaeda em todo o mundo. Isso inclui a designação de cerca de 300 indivíduos afiliados à Al Qaeda e outras organizações terroristas no Afeganistão, Paquistão, Golfo, África e outras regiões.
Os três integrantes e seus negócios
De acordo com o governo dos EUA, em 2015, Haytham Ahmad Al-Maghrabi chegou ao Brasil e foi um dos primeiros membros de uma das redes da Al Qaeda. Ele tinha frequentes contatos e negócios para compra de moeda estrangeira de um outro integrante filiado à rede no Brasil. Al-Maghrabi informava a Al Qaeda e foi o contato de Ahmed Mohammed Hamed Ali, no Brasil. Ali é um egípcio ligado aos atentados da Al Qaeda contra as embaixadas americanas na Tanzânia e no Quênia, em 1998, que causaram mais de 200 mortes.
O Departamento de Tesouro afirma ainda que Haytham Ahmad Al-Maghrabi forneceu apoio financeiro ou tecnológico ou de bens ou serviços para apoiar a Al Qaeda.
Já Mohamed Sherif Mohamed Awadd chegou ao Brasil, em 2018, e recebeu transferências bancárias de outros associados da Al Qaeda no Brasil. Até o final daquele ano, Awadd teria desempenhado um papel significativo em um grupo afiliado à Al Qaeda, sediado no Brasil, e estava envolvido na impressão de moeda falsa.
Segundo o governo dos EUA, Awadd e Khatib teriam dado auxilio material, patrocinado ou fornecido apoio financeiro ou tecnológico a um quarto integrante da Al Qaeda, que já está lista de sanções desde 2019.
Implicações
Todas os bens dos três integrantes e das empresas, e de quaisquer entidades que sejam de propriedade, direta ou indiretamente deles, seja 50% ou mais, individualmente ou com outras pessoas bloqueadas, que estejam nos EUA ou na posse ou controle de indivíduos norte-americanos, devem ser bloqueadas e reportadas à Agência de Controle de Ativos Estrangeiros (OFAC, na sigla em inglês).
Segundo reportagem da Folha de S.Paulo, Al-Maghrabi afirmou não conhecer Ali e negou qualquer envolvimento com a Al Qaeda. Em nota ao jornal, Ronaldo Musslim, advogado de Al-Maghrabi, acusou o FBI de “mais uma vez cometer perjúrio contra pessoas, imputando a elas práticas criminosas que jamais cometeram”. “Meu cliente está à disposição das autoridades brasileiras e estrangeiras para qualquer esclarecimento e pretende provar sua inocência”, afirmou à Folha.
Ahmad Al-Khatib disse à Folha que “nega qualquer envolvimento com a Al Qaeda. “Não tenho nada a ver com a Al Qaeda, nem existe Al Qaeda no Brasil, esse pessoal dos EUA tem imaginação hollywoodiana”, afirmou. Ele disse conhecer os outros dois acusados, Al-Maghrabi e Awadd, porque vendeu uma fábrica a eles”, disse. Khatib, que é xeque muçulmano, está no Brasil há 32 anos e preside uma ONG que apoia refugiados.
Mohamed Sherif Awadd não foi localizado.