Projeto de autoria do vereador Láercio Sandes (DEM) passar por mais uma votação e precisa ser sancionado pelo prefeito para se tornar lei
Os vereadores da Câmara de Guarulhos aprovaram em 1ª votação o projeto de lei, de autoria do vereador Laércio Sandes (DEM), que visa proibir a utilização de bicicletas na pista de caminhada do Bosque Maia.
O projeto gerou um intenso debate durante sua votação, realizada na quinta-feira (18).
“Eu tenho informação não oficiosa, porque eu não questionei, de que a direção do Bosque Maia, a Secretaria de Meio Ambiente, proibiu a circulação de bicicleta naquela localidade porque alguém trouxe informações, por parte de alguns servidores, que ocorreu um abalroamento de um ciclista face ao pedestre dentro do Bosque Maia. Eu sou advogado e sempre trabalho com a prevenção dos riscos e dos acidentes, ali não é diferente. Ali, a meu ver, é uma bomba relógio que em algum momento pode acontecer uma fatalidade maior, que vai trazer custos ao erário público”, disse Sandes.
O projeto de Sandes ganhou apoio do presidente da Casa de Leis, o vereador Martello (PDT):
“Eu queria fazer aqui um comentário dizendo que: cada macaco no seu galho. Bicicleta na ciclovia, quem quer caminhar é na pista de caminhar. Tô contigo, vereador Dr. Laércio Sandes. A coisa é simples, não podemos ficar aqui discutindo o sexo dos anjos”, disse Martello.
Já os vereadores Janete Rocha Pietá e professor Rômulo Ornelas, ambos do PT, e Lucas Sanches (PP) foram contrários à restrição e criticaram a falta de espaços adequados aos ciclistas.
“Falta na cidade um desenvolvimento de políticas e também sinalização em relação aos ciclistas. Tanto que amanhã eu estarei junto ao secretário de Trânsito para discutir a questão. Mas por que eu estou fazendo essa reflexão? Eu acho que o Bosque Maia é o lugar de todos. Sinalizar, eu concordo; defender a vida, eu concordo, mas temos de chegar a um meio termo de não proibir, como ocorre hoje, a vida e as atividades dos ciclistas”, disse Janete.
“O tema é importante, mas não se acaba com a miséria matando o miserável. O problema existe mesmo, é verdade. É um tema relevante para discutir coisas mais além. Por que acabou a ciclovia ali naquela região? Dava tanto resultado! Eu lamento dizer, Laércio Sandes, mas eu não voto em nenhum momento contra a circulação de bicicleta. O que falta é racionalizar o uso do espaço”, disse Rômulo.
“Ciclista em pista de ciclismo, pedestre na pista de caminhada. Mas e onde não tem pista de ciclismo? Meu voto foi contrário justamente por uma questão de bom senso. Concordo com a vereadora Janete, quando a gente diz que muitos ciclistas hoje estão utilizando a bicicleta até como meio de transporte, mas também para trabalhar. Hoje quando você abre um IFood, um Uber Eats, aplicativos de solicitar comida, muitos deles vêm ali com ciclista trazendo a nossa comida quentinha”, afirmou Lucas Sanches.
Apesar da discussão, a maioria dos parlamentares votou favorável ao projeto. Os vereadores Edmilson (PSOL), Mauricio Brinquinho (PT), Marcia Taschetti (PP) e Sergio Magnum (Patriota), defenderam a proposta de Sandes.
“A proposta do vereador para mim está dizendo o óbvio. Ele está chovendo no molhado. Ele escreveu no projeto de lei dele: não é permitida as bicicletas na pista de caminhada; pista de caminhada para caminhar. E o vereador, no artigo segundo, se vocês observarem, ele coloca que deverá ser feita a sinalização para orientar que ali é uma pista de caminhada e que é incompatível. Muitas vezes, no afã de fazer uma média com determinado setor, acaba perdendo a racionalidade. Eu defendo o ciclista, defendo as bikes, tem que circular, mas nós temos que criar espaço próprio. Não dá para dizer que vai ser a mesma coisa. Nós vamos autorizar: Fica autorizado que o ciclista ande também na marginal, ao lado da Rodovia Presidente Dutra. Não dá. É incompatível!”, disse Edmilson.
“Vereador Dr. Laércio Sandes tem razão, meu voto será favorável porque tem razão de estar andando ali com as pessoas. Eu me preocupo muito com as pessoas de idade que estão andando. Se é um ciclista profissional é uma coisa, se é um ciclista do dia-dia, numa brincadeira, ali conversando com os amigos, às vezes pode acontecer realmente um acidente, ou até como o vereador Dr. Laércio Sandes falou, um patinete, enfim. Precisa de alternativa. Tem lugar para caminhar, tem que ter para bicicleta também; assim como tem que ter lugar para o skate, tem que ter um lugar para o lazer de todos. É um parque, o lazer é para todos. Inclusive a gente precisa ver a questão dos esportes, porque essa questão da ciclovia e do skate é uma questão de esporte para a cidade”, disse Brinquinho.
“É preciso deixar claro que aqui ninguém está contra a bicicleta, ninguém está contra pessoas que trabalham de bicicleta. Muito pelo contrário. Eu sou totalmente favorável. Porém nós não podemos deixar que a bicicleta ande junto com o transeunte, com a pessoa que está transitando nesse lugar. Outra coisa: a pista de caminhada também não é pista para a pessoa que entrega lanche, através da bicicleta; que entrega mantimentos ou que faz o seu trabalho. Lá é pista de caminhada, não é pista para entrega de comida, de alimento”, disse Marcia.
“Eu concordo plenamente. Meu voto é favorável à proibição de um ciclista estar tomando o lugar de um pedestre. Como eu digo: numa faixa de caminhada. Digo mais: cada macaco no seu galho, como o presidente tinha comentado. Cada um na sua casinha. Ciclista na pista de ciclismo e o pedestre na pista de pedestre”, defendeu Sergio Magnum.