Presidente publicou nota oficial em que diz que não deve “esticar a corda” para prejudicar brasileiros
Em um segundo dia de paralisações e bloqueios realizados por caminhoneiros bolsonaristas em todo o País, nesta quinta-feira (9), o presidente Jair Bolsonaro (Sem Partido) publicou uma nota oficial em que amenizou o tom contra as demais instituições democráticas, que não quer prejudicar os brasileiros e reafirmou que possui uma divergência com o ministro Alexandre de Moraes, do Supremo Tribunal Federal.
No feriado da Independência, na terça-feira (7), o presidente chegou a dizer que não respeitaria mais decisões de Moraes, voltou a defender a impressão do voto na urna eletrônica e até mesmo o fechamento do STF.
“Nós não podemos continuar aceitando que uma pessoa específica da região dos Três Poderes continue barbarizando a nossa população. Não podemos aceitar mais prisões políticas no nosso Brasil […] Ou o chefe desse poder encontra o seu ou esse poder pode sofrer aquilo que nós não queremos porque nós valorizamos e reconhecemos o valor de cada poder da República”, disse Bolsonaro durante o discurso realizado no feriado.
Na declaração emitida hoje, o presidente, porém, afirmou que nunca teve “nenhuma intenção de agredir quaisquer dos Poderes. A harmonia entre eles não é vontade minha, mas determinação constitucional que todos, sem exceção, devem respeitar”.
“Por isso quero declarar que minhas palavras, por vezes contundentes, decorreram do calor do momento e dos embates que sempre visaram o bem comum, diz trecho do comunicado.
Ele reiterou divergências com o ministro Moraes. O presidente chegou a enviar ao Senado um pedido de impeachment do ministro, que foi negado pelo presidente Rodrigo Pacheco (DEM-MG).
No texto, Bolsonaro afirma ainda que as questões com Moraes “devem ser resolvidas por medidas judiciais que serão tomadas de forma a assegurar a observância dos direitos e garantias fundamentais previsto no Art 5º da Constituição Federal”.
Apesar das falas golpistas, apoiadores mais fanáticos do presidente chegaram a acreditar que um estado de sítio havia sido declarado. Outros se negam a entender que as falas golpistas do presidente não estão em alcançar o poder, mas se manter nele, visto que Bolsonaro tenta desacreditar o sistema eleitoral que o elegeu por diversas vezes, inclusive que o tornou presidente.
Por várias vezes, o presidente afirmou que se não for implementado o voto impresso não haveria eleição. O Congresso negou a implementação deste sistema, mas o presidente voltou a bater no ponto na última manifestação.
Desde quarta-feira (8), mesmo partidos mais aliados a Bolsonaro, como o DEM, emitiram notas de repúdio e instituições voltaram a trazer para a pauta o debate sobre um possível impeachment. O mercado financeiro segue em queda e até mesmo a imagem do País aparece como ridicularizada em frente no exterior.
Aliados de Bolsonaro já avaliam que a paralisação dos caminhoneiros bolsonaristas lhe trará muito mais ônus do que bônus, tanto que o próprio presidente pediu, em um áudio, para que elas fossem encerradas.
Leia a íntegra do comunicado oficial de Bolsonaro:
“Declaração à Nação
No instante em que o país se encontra dividido entre instituições é meu dever, como Presidente da República, vir a público para dizer:
1. Nunca tive nenhuma intenção de agredir quaisquer dos Poderes. A harmonia entre eles não é vontade minha, mas determinação constitucional que todos, sem exceção, devem respeitar.
2. Sei que boa parte dessas divergências decorrem de conflitos de entendimento acerca das decisões adotadas pelo Ministro Alexandre de Moraes no âmbito do inquérito das fake news.
3. Mas na vida pública as pessoas que exercem o poder, não têm o direito de “esticar a corda”, a ponto de prejudicar a vida dos brasileiros e sua economia.
4. Por isso quero declarar que minhas palavras, por vezes contundentes, decorreram do calor do momento e dos embates que sempre visaram o bem comum.
5. Em que pesem suas qualidades como jurista e professor, existem naturais divergências em algumas decisões do Ministro Alexandre de Moraes.
6. Sendo assim, essas questões devem ser resolvidas por medidas judiciais que serão tomadas de forma a assegurar a observância dos direitos e garantias fundamentais previsto no Art 5º da Constituição Federal.
7. Reitero meu respeito pelas instituições da República, forças motoras que ajudam a governar o país.
8. Democracia é isso: Executivo, Legislativo e Judiciário trabalhando juntos em favor do povo e todos respeitando a Constituição.
9. Sempre estive disposto a manter diálogo permanente com os demais Poderes pela manutenção da harmonia e independência entre eles.
10. Finalmente, quero registrar e agradecer o extraordinário apoio do povo brasileiro, com quem alinho meus princípios e valores, e conduzo os destinos do nosso Brasil.
DEUS, PÁTRIA, FAMÍLIA
Jair Bolsonaro
Presidente da República federativa do Brasil”