Futebol vive de discussões, mas Messi é indiscutível
Quem é o maior ou melhor jogador de futebol de todos os tempos? Como sou de 1988 e o esporte nasceu bem antes, qualquer opinião minha será, no mínimo, questionável. Eu não vi, por exemplo, Pelé jogar.
E não venham com o papo de que “há imagens no Youtube”. Sim, eu já vi as finais das Copas do Mundo de 1958 e 1970. Ambas completas. Mas isso não é suficiente para dimensionar o tamanho daquelas conquistas e o impacto que tais Seleções tiveram à época.
Para exemplificar o que estou dizendo, apesar de ter apenas 6 anos em 1994, lembro-me bem do que o tetra significou para nós, brasileiros. Lembro-me da importância do Romário, meu primeiro grande ídolo no futebol, naquele título. E conversando com pessoas mais novas, de 25 a 30 anos, fica nítido que a dimensão do “baixinho” para elas é bastante diferente.
Voltando para o Pelé, pelo que já vi, ouvi e li sobre ele – e olha que não foi pouca coisa -, cravo que ele é um gênio. Isso é óbvio. Mas sempre fujo de compará-lo com jogadores contemporâneos. Primeiro, por não ter acompanhado a carreira dele em tempo real e, como disse, isso pode provocar uma certa deturpação.
Além disso, há o fato de o futebol ter mudado completamente. Lógico que o objetivo é o mesmo e as regras são quase as mesmas, com pequenas variações. Agora, temos o VAR, para ficar em apenas um exemplo.
Mas o jogo, em si, foi bastante alterado. É só ver que um jogador, hoje, percorre tranquilamente 12 km por partida. Na década de 70, a média era de 7 km. Também tem o avanço da medicina esportiva e a questão dos materiais usados nas chuteiras, uniformes e bolas. Não dá para comparar com o que vemos atualmente.
Por tudo isso, prefiro não comparar. Pelé sempre será um gênio, reconhecido por todo o mundo, independente da década, do século ou do milênio. Pelé é eterno!
E, ontem, se alguém ainda tinha dúvidas sobre a genialidade de Messi, creio que elas foram eliminadas. Para mim, Messi não precisava ganhar uma Copa para ser chamado de gênio. Um cara que tem os números dele e que conquistou o que conquistou com o Barcelona, já tinha seu nome na história.
Ele é o maior futebolista que vi jogar. Felizmente, até por ser apenas um ano mais novo do que ele, minha geração pôde acompanhar toda a sua carreira – desde o primeiro gol marcado em 2004, com apenas 17 anos, até a conquista da Copa do Mundo, com 35.
No Catar, Messi só não fez chover no deserto. Foram sete gols (dois na final) e três assistências. Sua exibição de gala foi coroada com o único troféu que lhe faltava, justamente, em sua última Copa. É como se o futebol precisasse retribuir ao argentino tudo o que ele fez pelo esporte.
E a retribuição veio da melhor maneira possível, no formato de um tango: beleza, sofrimento, dor e alívio. A decisão, então, teve todos os ingredientes que transformam o futebol, bem como o tango, em algo prazeroso e doloroso. Para Messi, finalmente, ter uma Copa, vimos um primeiro tempo argentino primoroso, com movimentos sincronizados e precisos, assim como deve ser uma dupla dançando o ritmo típico dos nossos vizinhos.
No entanto, como um bom jogo (ou tango), precisávamos de uma pitada de drama. E ela apareceu com nome e sobrenome: Kylian Mbappé. O francês, artilheiro da Copa com incríveis 8 gols (três na final!) em sete jogos, empatou a partida em um curtíssimo intervalo no tempo normal e igualou, de novo, na prorrogação. Com 12 gols, duas finais e um título em duas Copas, Mbappé se coloca como fortíssimo candidato a entrar na prateleira dos futebolistas imortais. Mas esse papo é para um post futuro.
Hoje é dia de exaltar Messi. Aquele cara que prefiro de chamar de “meu Pelé” a comparar com o Rei. Cada um, a sua maneira, reinou no seu tempo. E, agora, ambos têm Copa!
Apesar de minha seleção não ter ganho o Mundial neste ano, só consigo dizer: Obrigado, futebol! Obrigado, Messi!