Gosto é uma coisa pessoal, mas não devíamos opinar sobre algo que não temos nem a boa vontade de conhecer
Antes de mais nada, gostaria de dizer que não estou aqui para impor gostos goela abaixo. Todos têm o direito de achar o futebol feminino chato, assim como muitas pessoas também não gostam nem do masculino. É algo muito pessoal. Subjetivo.
Esse texto é para reflexão. Vocês que não gostam do futebol feminino e que criticam a modalidade, saberiam me explicar o porquê de tal opinião? Quantos jogos femininos já viram na vida?
Pensem nas respostas. Enquanto isso, vou falar da minha experiência pessoal. Na última segunda-feira (26), um dia antes da convocação da Seleção feminina para a Copa do Mundo, assisti a duas partidas na sequência: Corinthians x Cruzeiro, pelas quartas de final do Brasileiro feminino, e Vasco x Cuiabá, jogo válido pela 12ª rodada do Campeonato Brasileiro masculino.
Apesar de não ser recomendável este tipo de comparação, não tive como deixar de fazer. Vasco e Cuiabá, dois times que brigam para se afastar da zona de rebaixamento, fizeram um duelo horroroso. Foram cinco chutes ao gol apenas e um magro 1 a 0 para a equipe carioca.
Infelizmente, não encontrei as estatísticas da partida entre Corinthians e Cruzeiro. Mas o confronto teve mais gols (6) do que finalizações certas registradas no jogo Vasco x Cuiabá. Em relação aos cartões, foram nove amarelos no duelo masculino contra três aplicados no feminino.
Tais números me fizeram pensar na fala do jornalista Alexandre Lozetti, do SporTV e que comentou Corinthians x Cruzeiro: “Essa trocação não favorece às corintianas”. Em outras palavras, Lozetti disse que, como o time paulista se classificava com o placar daquele momento, 3 a 2, não era interessante manter um jogo aberto, com tantas chances de gols para ambas as equipes.
Eu até entendi o ponto de vista do comentarista, mas, talvez, ele não tenha se ligado na hora que o futebol feminino, em linhas gerais, é assim mesmo: menos truncado e com mais oportunidades. O que, para mim, é um baita ponto positivo.
E quando digo isso, por favor, não achem que eu goste daquelas goleadas exorbitantes. Gosto de jogos com muitos gols, mas com um mínimo de equilíbrio, como foi entre corintianas e cruzeirenses. O desequilíbrio que, muitas vezes, vemos no futebol feminino é algo que deve ser debatido e combatido. Isso só faz mal à modalidade.
Mas antes de usarem as goleadas como argumento para criticar o futebol feminino, lembrem-se de que a Seleção masculina que mais ganhou Copas do Mundo já tomou de 7, numa semifinal de Mundial, em casa.
Enfim, podemos melhorar muita coisa no futebol feminino, assim como no masculino. Os jogos podem ser mais atraentes. Como disse, não quero e não posso impor a minha opinião a vocês.
Só peço que deem uma chance. Aproveitem a Copa do Mundo feminina e tentem ver as melhores jogadoras do planeta em ação. Talvez, o chato seja você. Pense nisso.
*Vinícius Bacelar é jornalista, formado pela Universidade São Judas Tadeu, acumula passagens por algumas das principais redações do Brasil, como Agora S.Paulo, Folha de S. Paulo, R7 e UOL. Também foi editor do Metrô News. Como assessor de imprensa atuou nas eleições municipais de Guarulhos de 2016. Posteriormente, atendeu o Esporte Clube Água Santa, o Bangu Atlético Clube e o Boston City FC Brasil, além de atletas, técnicos e dirigentes.