Thiago Silva teve de fazer procedimento em Mogi das Cruzes. Quando chegou em Guarulhos, foi dispensado na ambulância, não recebeu documentação de alta e ainda constava como evadido.
A Secretaria de Saúde informou ao GRU Diário que irá apurar as denúncias feitas pelo publicitário Thiago Silva, 32, dispensado ainda na ambulância do Hospital Municipal de Urgência (HMU) após chegar de uma cirurgia cardíaca na sexta-feira, 31. Ele não recebeu orientações da equipe médica do hospital.
A nova resposta da Secretaria mostra uma mudança no andamento do caso. Em uma primeira matéria publicada sobre o caso de Thiago, a pasta informou que o paciente havia ficado “satisfeito” com a alta, que ele havia sido discutido com a equipe médica de Mogi das Cruzes, e a médica Stella Ribeiro não teria cometido nenhuma irregularidade.
A reportagem entrou em contato com a assessoria do Hospital Luzia Pinho de Melo, que não confirmou a alta do paciente.
“ O Hospital Luzia Pinho de Melo informa que o paciente Sr. Thiago Silva deu entrada na unidade dia 30 de julho, realizou angioplastia e depois do procedimento cirúrgico, ficou em observação e sob monitoramento pela equipe médica. Na sequência, foi transferido de ambulância para o Hospital Municipal de Urgência em Guarulhos para dar continuidade ao tratamento na unidade de origem. Sugerimos que os questionamentos sobre a assistência no HMU sejam feitos ao serviço”, informou a Secretaria de Saúde do Estado.
Após novo questionamento, a Secretaria de Saúde de Guarulhos disse que vai investigar o caso.
“A diretoria do Hospital Municipal de Urgências (HMU) informa que irá apurar os fatos do processo de alta médica do referido paciente. O setor de Ouvidoria recebeu o pedido de informação e os detalhes serão respondidos no relatório final do processo para o paciente”, informou o HMU em nota.
O caso de Thiago Silva

Os problemas de Thiago Silva começaram no mês passado, quando ele teve um infarto e precisou passar por um procedimento cardíaco.
Por não ter um equipamento que suportasse o peso de Silva, o HMU teve de transferir Thiago para o Hospital Luzia Pinho de Melo, onde foi realizada uma angioplastia.
Na sexta-feira, 31, Thiago retornou ao HMU em uma segunda ambulância, pois a primeira enviada não atendia as especificações do caso dele, de alta complexidade.
Ainda na ambulância, o paciente foi informado pela médica do HMU que teria alta e poderia ir embora, sem nem mesmo ficar em observação.
“Chegando no HMU, antes de eu descer da maca, eu estava sendo desconectado do cinto de segurança, a médica virou e disse: ‘te deram alta lá, então, você está de alta aqui, você pode ir para casa’. Ela virou de costas, entrou no hospital e foi embora”, contou Thiago.
Todos os exames feitos no hospital de Mogi foram entregues para Thiago, mas o paciente não recebeu a documentação formal de alta.
A caminho de casa, no carro de uma amiga, Silva percebeu que estava com o acesso venoso para medicamentos no braço e retornou para retirar e reclamar com a médica que lhe deu a alta.
O caso tomou, então, uma proporção maior. Thiago teve um desentendimento com a médica que, segundo ele, afirmou não ser trabalho dela tirar o equipamento.
Após uma discussão, e o cansaço de esperar por alguém que resolvesse seu problema, Thiago foi atendido por uma enfermeira e o acesso foi retirado.
Ainda assim, o paciente saiu do hospital sem a devida orientação e sem cumprir o prazo de observação de 24 horas, embora o HMU tenha afirmado ter “por definição o cumprimento de todos os protocolos de alta médica dentro das boas práticas assistenciais estabelecida pelo Ministério da Saúde”.
Além de não receber o tratamento e de não ter tido a documentação de alta emitida corretamente, o paciente constava no sistema da Central de Regulação de Oferta de Serviços de Saúde como “evadido”, ou seja, como se ele tivesse fugido do hospital.
Thiago chegou a ter uma reunião, após o ocorrido, com representantes do HMU.
“Eles admitiram que foi colocado que eu me evadi do hospital, eu tive de explicar toda a história, desmentir um médico na cara dele”, explicou Thiago. Desde então a diretoria decidiu apurar os fatos.
A repercussão do caso de Thiago
Antes mesmo do caso de Thiago se tornar alvo de investigação pela diretoria do HMU, a falta de leito para pessoas acima do peso chegou a tomar uma repercussão nacional, como no retweet do senador Romário (Pode-RJ).