Emissora barrou tema polêmico
Hoje inicio a minha coluna comentando a atitude da autora Gloria Perez de pedir demissão da Globo, após a emissora barrar sua novela sobre o aborto.
Segundo ela: “Depois de 35 anos escrevendo os folhetins, foi a melhor atitude que tomei e a partir de agora só trabalharei para a Globo por obras e sem contrato fixo”.
A bem da verdade, Glória Perez tinha preparado uma sinopse para substituir o remake “Vale Tudo”, mas não se sentiu desconfortável após a direção da emissora ter considerado que o aborto – um dos temas da história – era inadequado para os seus principios.
Com essa decisão, a autora fez questão de ressaltar que não guarda qualquer tipo de mágoa em relação à direção do canal e emitiu uma nota: “Não questiono a decisão. É normal que uma empresa decida de acordo com sua conveniência. Agora com o contrato por obra, considerei que o conveniente para mim era não aceitar a renovação e fazer a recisão do contrato tudo de comum acordo”.
Nos últimos anos, para cortar custos e reduzir despesas, a Globo tem dado preferência a contratos mais curtos, e por obras, tanto com os autores quanto com atores. Aguinaldo Silva, por exemplo, foi demitido após o fracasso de “O Sétimo Guardião” (2018), mas chamado de volta agora com um novo tipo de vínculo para escrever uma novela das 21h.
Glória Perez é responsável por alguns dos maiores sucessos da Globo, como “O Clone” (2001) e “Caminho das Índias” (2009), que ganhou o prêmio de “Emmy Internacional” de melhor telenovela. Ela, porém, não teve a mesma sorte com “Travessia” (2023), um fracasso tanto de público, quanto de crítica.
Em razão de tudo isso, a autora – que a partir de agora só vai receber por obras aprovada pela direção da emissora – vai ficar livre para assumir projetos com outras emissoras e até com o streaming, podendo também escrever para outros temas para qualquer veículo de comunicação.
Mas é bom lembrar que mesmo sem previsão de estreia, a próxima novela dela vai justamente abordar o ambiente político, com uma protagonista dentro do Senado Federal. Ainda farão parte dos temas o aborto e os direitos reprodutivos, assuntos polêmicos e considerados espinhosos para uma parte da sociedade.
Frase Final: A verdade de cada um se restringe no direito do outro.