Presidente da Fundação Palmares disse que congolês brutalmente assassinado era “vagabundo” e criticou falta de comoção na morte de uma policial negra no São Domingos
O presidente da Fundação Palmares, Sergio Camargo, usou as redes sociais para rebater qualquer possibilidade de a instituição fazer uma homenagem ao congolês Moïse Kabagambe, assassinado brutalmente em um quiosque no Rio de Janeiro.
Camargo ainda chamou Moïse de “vagabundo”, afirmou que a comoção pela morte do congolês se dá por uma “histeria” da esquerda e disse acreditar que houve falta de comoção no assassinato da policial militar Tatiana Regina Reis da Silva, assinada em Guarulhos, no bairro São Domingos, no dia 3 de fevereiro
“Moise andava e negociava com pessoas que não prestam. Em tese, foi um vagabundo morto por vagabundos mais fortes. A cor da pele nada teve a ver com o brutal assassinato. Foram determinantes o modo de vida indigno e o contexto de selvageria no qual vivia e transitava”, escreveu Camargo em seu perfil no Twitter.
“Nossos valores estão sendo corrompidos. Há algo muito errado quando o assassinato de uma mulher negra que dedicou sua vida à defesa da sociedade é ignorada. Mas a morte de um negro envolvido com selvagens, que nada fez pelo País, gera protestos, matérias e narrativa de racismo”, afirmou o presidente da Fundação Palmares em outro tweet.
Após a repercussão das falas de Camargo, a família do Congolês afirmou que irá processar Camargo e o deputado federal Marcelo Freixo (PSB-RJ) acionou o MPF (Ministério Público Federal) contra o presidente da Fundação Palmares.
Segundo a família, Moïse foi morto ao cobrar uma dívida de duas diárias por um trabalho prestado em um quiosque de uma orla do Rio de Janeiro.