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Ração contaminada causa morte de nove cavalos em Guarulhos

Ração contaminada causa a morte de nove cavalos em Guarulhos
Foto: Arquivo Pessoal
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Casos similares também estão sob investigação no interior paulista

Nove cavalos criados na chácara Dia de Sol, em Guarulhos, morreram nos últimos dois meses depois de consumirem rações da empresa Nutratta Nutrição Animal Ltda. De acordo com o comerciante e criador Marcos Barbosa, dois óbitos ocorreram nesta terça-feira (1).

“Um cavalo passou a noite rodando em círculos numa baia e uma égua estava querendo morder a parede. Com todos os animais foi assim, é como se fosse uma demência”, afirmou Marcos.

O Mapa (Ministério da Agricultura e Pecuária) firmou o recolhimento de todos os produtos da empresa destinados a equídeos produzidos a partir de novembro de 2024 e começou uma investigação para apurar as mortes. Em um ofício no dia 25, impediu também a comercialização e afirmou que foi encontrado a presença de substâncias tóxicas em rações para cavalos.

Um  ofício que conecta o consumo das rações aos casos de intoxicação e morte de animais em diversas regiões do país, que vem acontecendo desde abril deste ano foi emitido por uma pasta. A proibição chegou tarde ao haras de Barbosa, que fez o registro da primeira morte em 16 de maio. Logo após, o comerciante recebeu uma ligação de amigos dizendo que outros cavalos também morreram. Assim, ele suspendeu o uso da ração no mesmo dia, porém cerca de 30 animais já tinham consumido o produto.

Os amigos de Marcos observaram os mesmos sintomas que Barbosa notou nos cavalos que criava em Guarulhos, sendo eles desorientação, alterações de comportamento, alterações no sono e mudanças na locomoção.

De acordo com Barbosa, um representante da empresa fez uma visita ao local após os relatos das mortes em maio, teria assumido a responsabilidade da fábrica e informado que a empresa tomaria as providências. Na ocasião, foram confiscados 110 sacos da ração, disse o comerciante. Segundo Barbosa, o prejuízo com a morte dos cavalos é de aproximadamente de R$ 700 mil.

“Pedi para a empresa enviar veterinários para fazerem exames, mas não retornaram. Usei remédios para desintoxicação que custam R$ 200 o frasco por dia e por animal”, relatou Marcos.

Ração

A contaminação da ração foi feita com monocrotalina, uma toxina encontrada em plantas do tipo crotalária, segundo o Ministério da Agricultura. Essa toxina é hepatotóxica (afeta o fígado) e neurotóxica (afeta o sistema nervoso), sendo mortal para muitos animais, como equinos, bovinos e suínos, entre outros.

Os primeiros episódios de intoxicação ocorreram em 21 de abril, no Rio de Janeiro, e o primeiro óbito foi registrado no dia 23 do mesmo mês em São Paulo. Os cavalos aparentemente estavam saudáveis e sem alterações clínicas notáveis. Porém, subitamente, começaram a apresentar sinais neurológicos agudos que evoluíram rapidamente para a morte.

No ofício emitido pelo Ministério da Agricultura no último dia 25, é citada uma sequência de erros graves nos processos de fabricação da empresa, como falta de controle e separação de matérias-primas como torta de algodão, resíduo de soja e feno, utilização de ingredientes não autorizados e ausência de rastreabilidade nos lotes produzidos.

A Promotoria de Justiça do Consumidor de São Paulo abriu investigação no preliminar no dia 16 de junho para apurar os casos em um haras de Indaiatuba (SP), com suspeita de que a causa tenha sido o consumo da ração Forrage Horse, da empresa Nutratta Nutrição Animal.  De acordo com a MP-SP, a promotoria avisou a Nutratta para prestar esclarecimentos e apresentar documentos que comprovem o cumprimento das medidas determinadas pelo Mapa.

Outro lado

Em nota, a Nutratta lamentou os relatos de intoxicação e óbitos de animais associados ao Produto Foragge Horse, da linha de nutrição animal equina, e reforçou que está colaborando integralmente com o Ministério da Agricultura e Pecuária para elucidar os fatos, inclusive recebendo os técnicos do MAPA em sua planta, fornecendo todos os documentos e informações técnicas solicitadas. A empresa afirmou que vem adotando as providências cabíveis para mitigar os efeitos da situação, incluindo suporte técnico aos clientes, rastreamento dos lotes envolvidos e revisão de seus processos internos.

“Ressalta-se que não há, até o momento, conclusão definitiva quanto a eventual nexo de causalidade entre os casos relatados e os produtos da empresa, e que a empresa conseguiu uma liminar na Justiça Federal para restabelecer seu funcionamento quanto à atividade de produção e comércio dos produtos não destinados a equinos. A Nutratta permanece à disposição das autoridades e da sociedade para prestar os esclarecimentos técnicos necessários, mantendo seu compromisso com a qualidade, a segurança alimentar e o bem-estar animal, valores que sempre nortearam sua atuação”, pontuou a Nutratta.

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