Presentes foram recebidos no exercício do cargo e pertencem ao Estado
No inquérito que investiga as chamadas “milícias digitais”, o ministro do Supremo Tribunal Federal (STF) Alexandre de Moraes autorizou a Polícia Federal (PF) a investigar a venda ilegal de presentes de luxo recebidos em viagens oficiais pelo ex-presidente Jair Bolsonaro.
Entre os investigados, um novo nome: o do general do Exército Mauro Cesar Lorena Cid – pai de Mauro Cid, que já está preso desde maio por adulterar certificados de vacinação contra Covid-19 para a família Bolsonaro.
Na decisão do STF, o ministro Alexandre de Moraes cita que Mauro Cid, o filho, atuou na tentativa de vender itens de luxo, para que o dinheiro fosse para os bens do ex-presidente Jair Bolsonaro.
Um dos itens citados é um kit masculino de grife, com caneta, um anel, abotoaduras, um rosário árabe e um relógio, trazidos ao Brasil. A PF constatou que o kit foi levado de volta para os Estados Unidos, em avião presidencial, para ser colocado em leilão. No entanto, não foram arrematados por outros motivos.
Após investigação do Tribunal de Contas da União (TCU) e de notícias na imprensa, os bens foram recuperados pelos investigados na empresa de leilão e, finalmente, devolvidos ao Estado Brasileiro, na agência da Caixa Econômica Federal.
A PF também identificou que Mauro Cid vendeu para lojas nos Estados Unidos itens de um segundo kit de joias, em ouro branco. O relógio, da marca Rolex, em ouro branco e diamantes, chegou a ser vendido separado das demais joias.
Mauro Cid conseguiu recuperar os objetos depois de saber que o TCU abriu investigação. O relógio foi recuperado pelo advogado Frederick Wassef, também alvo das buscas desta sexta-feira. O kit completo também foi devolvido ao Estado brasileiro, na Caixa Econômica, em Brasília.
O inquérito do STF também cita um outro relógio de luxo, objeto que “sequer foi” catalogado e “teria sido desviado” direto para o “patrimônio do ex-presidente Bolsonaro”. O objeto foi vendido para outra loja, nos Estados Unidos, por mais de R$ 300 mil, valor depositado na conta do pai de Mauro Cid, o general Mauro Lourena Cid, também alvo da PF.
Cid também tentou vender duas esculturas douradas – um barco e uma árvore palmeira – entregues de presente ao ex-presidente Bolsonaro, que não foram vendidas por não serem totalmente de ouro.
O ministro do Supremo concluiu que as trocas de mensagens grampeadas mostram que Mauro Cid tinha plena ciência de que essas vendas eram ilegais. Os valores obtidos com a venda dos itens de luxo presenteados seriam encaminhados, segundo o inquérito, em espécie para Jair Bolsonaro, como forma de evitar os mecanismos de controle do sistema financeiro formal.
Até o fechamento desta reportagem, não conseguimos retorno dos investigados citados.
(por Agência Brasil)