Organização do evento diz que vai apurar os fatos e “repudia de forma absoluta o racismo”
A modelo e Miss Guarulhos, Ieda Favo, usou as redes sociais para denunciar o racismo que sofreu durante a disputa do Miss Universo São Paulo 2021, ocorrida na noite do último sábado (2). Ieda chegou ao top 3 e foi a vice-campeã do concurso que garante a disputa do Miss Brasil.
No vídeo publicado nesta quarta-feira (6), Ieda afirma que a intenção do vídeo não é conseguir a faixa ou a coroa, se referindo ao resultado do concurso de beleza, mas que as situações pelas quais passou não se repita com outras pessoas.
“Coisas horríveis aconteceram, é por isso estou aqui. Não quero que se repitam com outras pessoas. Estou deixando bem claro que não tenho interesse na faixa nem na coroa. Estou aqui como forma de apelo para que isso não se repita com nenhuma menina. Nunca me senti tão discriminada na minha vida como aconteceu nos últimos dias. Desde o primeiro contato, sempre tive um contato muito rude, muito hostil por parte da organização. Algumas pessoas me trataram muito mal, isso comparado com as outras candidatas”, relata Ieda.
A modelo negra que cresceu no Parque Santo Antônio, em Guarulhos, contou que no momento das fotos e vídeos pediam para ela ficar atrás das outras candidatas.
“Eu ficava me perguntando, por quê? Quais eram as justificativas para tais tratamentos? Era por conta da minha cor? Por que eu era a única negra? Por conta da minha condição social, da minha cidade?, questiona.
Ieda também afirma que cuidou sozinha do seu cabelo já que não tinha profissionais nem produtos para à disposição, sendo que ela havia enviado uma lista solicitada pela própria organização do concurso com as marcas que costuma usar.
Antes do concurso, as candidatas ficaram confinadas e passaram por avaliações que antecederam a etapa final que ocorreu em Ribeirão Preto, no interior de SP. A vencedora foi Bianca Lopes, que participou como Miss Jaú.
Ieda conta sobre um momento que a deixou desestruturada envolvendo um coreógrafo que não teve o nome divulgado. Segundo a modelo, isso a fez reviver traumas do passado.
“Durante o evento todo, o coreógrafo me pegou no braço de forma rude, abrupta, e me colocou na posição que ele queria que eu ficasse. Eu fui a única que ele tocou, de forma forte, dura… me remeteu ao meu passado. Eu fiquei extremamente desnorteada, abalada”, conta.
Ieda acredita que tudo o que passou durante o Miss Universo SP tinha o objetivo de eliminá-la da competição.
Em outra situação, ela diz que os jurados fizeram uma pergunta que não estava na lista enviada pela organização do evento. “A minha pergunta era a única que não estava na lista”, ressalta. Todas as candidatas receberam essa lista com 13 questões.
“Eu estou usando esse vídeo como um apelo para que isso não aconteça com ninguém. Que as pessoas saibam agir de forma igual, com justiça, de forma limpa, para que todos tenham o mesmo direito”, finaliza.
O Miss Universo São Paulo se manifestou por meio de nota em seu perfil oficial na rede social e diz que vai apurar o caso e informa “que repudia de forma absoluta o racismo e nunca pactuou com esse sentimento abjeto”.
