Angélica Mesquita foi arremessada do veículo com o filho de 2 anos. Criança está internada na UTI em estado grave
No último domingo (7), a guarulhense Angélica Mesquita de Freitas, de 36 anos, passaria o dia com a mãe e seis filhos em Bertioga, no litoral de São Paulo. Ela soube de uma excursão para a praia através de uma amiga e decidiu passar o dia com a família fora do bairro onde vivia, na Vila União.
O grupo com cerca de 35 pessoas contratou o serviço da empresa de ônibus Juli Will Locadora, com sede no Jardim Presidente Dutra, cujo micro-ônibus tombou na rodovia Mogi-Bertioga, tirou a vida de Angélica e deixou vários passageiros feridos. Entre eles, o filho dela, de 2 anos, que está internado em estado grave na UTI do Hospital Irmã Dulce, na Praia Grande.
O veículo, assim como a Juli Will Locadora, não tinham registro na Artesp, agência reguladora de transporte no estado. A empresa ‘estaria, portanto, operando de forma clandestina”, reforça a Artesp.
O irmão de Angélica, Evandro Mesquita, conversou com o GRU Diário. Abalado, ele disse que o sobrinho está em coma induzido após o acidente e o estado de saúde dele é grave. “Ela salvou a vida do filho”, foi o que Evandro ouviu dos médicos que socorreram o sobrinho.
A criança foi arremessada junto com Angélica para fora do micro-ônibus. O veículo perdeu o controle após falha nos freios durante uma curva quando descia a serra.
Evandro contou que Angélica conseguiu empurrar o filho para longe dela e evitou que o micro-ônibus caísse em cima dele.
“Ela sempre falou que entregaria a vida dela pelos filhos, pelos pais e irmãos. E ela provou isso”, conta, emocionado.
Angélica tinha sete filhos, o mais velho não estava no ônibus. A mãe e os filhos dela estão bem, mas muito abalados com a morte de Angélica.

Além do veículo não ser regulado pela Artesp, Evandro disse que o vidro da janela onde a irmã estava sentada estaria trincado e havia bancos com estofado comprometido e alguns sem cinto de segurança. “Para eles [passageiros] falaram que tinha [autorização]”, afirma.
Evandro relatou que após família sofrer descaso por parte da Juli Will Locadora, a empresa ofereceu ajuda para pagar o traslado do corpo, que foi levado para o IML de Praia Grande, até Guarulhos. Angélica foi sepultada nesta terça-feira (10) no cemitério da Vila Rio.
Evandro sempre se lembrará de como Angélica era de muitos amigos e espalhava a sua alegria por onde passava. “A minha irmã era sorriso, alegria e força”, ressalta.
O irmão cita outra característica de Angélica, a de sempre incentivá-lo. “Se eu falava que queria algo, ela dizia: ‘vai que você consegue’. É a pessoa que se eu precisasse, ela estava ali, sem pedir nada em troca, e se não pudesse, ela dava um jeito. Essa era a minha irmã. Ela era tolamente coração aberto para mim, para a família e todo mundo.”
Em nota, a Artesp (Agência Reguladora de Transportes do Estado de São Paulo ) lamenta o acidente e frisa que mantém ações constantes de fiscalização em todo o Estado, visando coibir tanto o transporte clandestino quanto o irregular, que expõem os usuários a riscos por falta de segurança e ausência de documentação dos veículos e/ou por não honrarem a contratação de seguros.
O GRU Diário entrou em contato por e-mail com a Juli Will Locadora, mas não obteve resposta até o fechamento desta matéria.
O caso é investigado pela delegacia de Bertioga.