Alunos da EE Professora Maria Leda Fernandes Brigo fizeram um abaixo-assinado pedindo a demissão do professor
A Secretaria da Educação do Estado de São Paulo (Seduc-SP) apura denúncias de casos de assédio contra alunas da Escola Estadual Professora Maria Leda Fernandes Brigo, no Jardim Ottawa. O professor acusado pelas estudantes está em licença médica, afirma a secretaria.
Revoltados, os colegas de turma criaram um abaixo-assinado online para que o professor seja demitido que conta com mais de 900 assinaturas e começaram a organizar um protesto que gerou temor na direção da escola.
A reportagem conversou com uma colega de sala, que terá a identidade preservada, de uma das vítimas. Ela contou que surgiram relatos de pelo menos quatro casos, na segunda semana de março, “mas nada comprovado”, ainda.
Quando o professor faltou no dia seguinte ao surgimento das denúncias, novos relatos de assédio surgiram, e os alunos se mobilizaram para que os casos chegassem até a direção da escola. O professor então foi afastado, mas acabou indo até a instituição.
“Recebemos fotos dos alunos do período dizendo que ele estava na escola, e à noite, a coordenação chamou os monitores e disse que ele tinha ido com o advogado lá, e com uma declaração dizendo que ele não ia de afastar, porque se isso acontecesse, ele estaria concordando com as denúncias”, conta a aluna.
Ela disse que a turma virou as carteiras de costas para a lousa, “como um protesto silencioso”, quando o professor entrou na sala de aula.
O GRU Diário teve acesso a um vídeo de mais de 9 minutos que mostra uma funcionária da direção da escola conversando com os alunos na sala de aula. Ela afirma que teve uma “conversa rápida com os monitores” em relação os casos e ainda diz que vai chamar a polícia caso os alunos façam um protesto.
Em determinado trecho, essa funcionária afirma que não vai à delegacia denunciar os casos já que “as mães não estão indo [para a delegacia]”, que “não foi a minha filha que foi assediada” e se houvesse “bagunça” dos alunos “toda sala inteira vai pra delegacia”.
“Eu não vou ser exonerada”, diz a gestora, temendo perder o emprego caso ocorra um protesto.
De acordo com a aluna ouvida pela reportagem, as vítimas “estão sendo acolhidas pela própria escola”.
“Eu estou unida com outros alunos para pensarmos em outras formas de protestar. Não queremos bagunça, e sim que nos ouçam”, explica.
O caso foi parar em um grupo na rede social onde alguns pais se mostraram preocupados com a postura da escola em relação aos casos.

A escola teria se pronunciado por meio de um comunicado publicado no mesmo grupo.

A reportagem não conseguiu contato com as vítimas, nem localizou o professor.
Outro lado
Em nota, a Secretaria da Educação do Estado de São Paulo (Seduc-SP) repudia toda e qualquer forma de assédio dentro ou fora do ambiente escolar. Assim que soube do episódio, a direção ouviu as estudantes, registrou o relato e acionou os responsáveis para informar o ocorrido e orientar sobre os procedimentos legais, como formalização de BO, que poderiam ser tomados pelos mesmos. O professor se encontra em licença médica, sem contato com os estudantes.
Segundo a pasta, no dia 14 de março, ele foi chamado na escola para ser colocado a par das denúncias. Ao fim do período de licença, o docente terá seu contrato extinto. A Diretoria de Ensino (DE) Guarulhos Sul, responsável pela unidade, irá abrir uma apuração preliminar para verificar a conduta da equipe escolar no direcionamento do caso.
O caso foi inserido na Plataforma Conviva SP – Placon, sistema utilizado para acompanhamento de registro de ocorrências escolares na rede estadual de ensino. A escola coloca à disposição das estudantes a assistência do Programa Psicólogos na Educação, se autorizado por seus responsáveis.
A DE Guarulhos Sul e a unidade estão à disposição da comunidade escolar e autoridades para mais esclarecimentos, finaliza a secretaria.
(Colaborou: Página Cumbica e Região)