Clube mantém estrutura, mas se nega a jogar para cuidar do bem-estar dos colaboradores
Enquanto alguns clubes brasileiros pressionaram até o Governo Federal pela volta do futebol, mesmo durante a pandemia do novo coronavírus, um exemplo diferente se destaca na pequena cidade de Manhuaçu, em Minas Gerais. Trata-se do Boston City FC, clube criado nos Estados Unidos e que possui uma filial por aqui.
O clube mineiro-americano não tem disputado partidas, sejam oficiais ou amistosas, e todos os times, de base e profissional, sequer têm mantido a rotina de treinamentos. Uma decisão que pode até assustar os amantes do futebol, mas que tem como pilar manter a saúde de seus profissionais em primeiro lugar.
De acordo com o CEO do clube, Renato Valentim, no clube há a consciência de que a pandemia ainda não acabou e que o bem-estar dos atletas e colaboradores tem que estar em primeiro lugar. “Apesar do retorno do futebol, optamos por manter todas as nossas atividades de campo suspensas. Já os funcionários que desempenham funções administrativas permanecem trabalhando de suas casas”, afirmou.
A determinação chama ainda mais atenção quando se olha o cenário como um todo: em junho, ainda na escalada da primeira onda do coronavírus, o Corinthians somou 21 casos positivos de Covid-19 no seu elenco profissional. Em setembro, foi a vez do Flamengo ter 33 casos em sua delegação, somando-se elenco, membros da comissão técnica e diretoria. Mas não parou por aí: há alguns dias, o Palmeiras teve 18 jogadores infectados e teve que chamar atletas de sua base para compor o elenco na última rodada do Brasileirão.
Nos Estados Unidos, o Boston City FC segue a mesma linha de sua filial brasileira: atualmente em um campeonato que equivale à terceira divisão nacional, que não voltou após a pandemia, o clube segue sem atividades. Já no Brasil, o clube possui equipes Sub-15, Sub-17 e Sub-20 na Primeira Divisão Mineira das respectivas categorias, além do time profissional na Segunda Divisão – dessas competições, apenas a Segunda Divisão foi retomada, mas o Boston City FC se recusou a jogar.
“Mesmo que os outros campeonatos retornassem neste momento, com o péssimo cenário em que ainda vivemos, abriríamos mão de disputá-los também. Entendemos que é importante expor a marca e que tal exposição gera recursos ao nosso caixa, mas, como disse, a saúde é mais importante. O Brasil e os EUA são os países mais afetados pela pandemia. Diariamente, vemos times brasileiros sofrendo com surtos e isso é muito preocupante. Já que clubes, federações e confederações decidiram pela volta do futebol, seria interessante repensar os modelos dos campeonatos, reduzindo deslocamentos e minimizando riscos de contaminação”, avaliou o dirigente.
Investimento
Empresário bem-sucedido nos ramos gastronômico e imobiliário, Renato Valentim mantém os investimentos no Boston City FC mesmo com as atividades esportivas paralisadas. Em Manhuaçu, cidade natal do CEO, o clube tem construído um moderno complexo esportivo, que contempla uma arena multiuso e um Centro de Treinamento para mais de 130 atletas. A projeção é que toda a obra fique pronta no final de 2024.
“Com responsabilidade financeira, sem gastar mais do que arrecadamos, conseguimos manter as contas em dia e realizar este grande investimento que proporcionará um retorno social à região de Manhuaçu, gerando oportunidades a atletas profissionais e jovens que possuem o sonho de brilhar no esporte. Nosso complexo será algo pioneiro em Minas Gerais e, com certeza, renderá muitos frutos ao futebol brasileiro e mundial. O meu grande desejo é ver um jogador revelado pelo Boston City FC vestindo a camisa da Seleção Brasileira. A partir da estrutura que estamos montando em Manhuaçu, não tenho dúvidas de que este sonho se tornará realidade em um futuro próximo”, finalizou o dirigente.