Ex-chefe de gabinete afirma que crimes já são investigados pelo Ministério Público e pelo 5º DP de Guarulhos
Em coletiva de imprensa nesta quarta-feira (21), na Câmara Municipal, Caique Marcatt, ex-chefe de gabinete do vereador e candidato a prefeito Lucas Sanches (PL), afirma que o ex-correligionário comandava um esquema de corrupção que desviou cerca de R$ 500 mil dos cofres públicos. O enriquecimento ilícito ocorreu por peculato, rachadinha e funcionários fantasmas nomeados no Legislativo.
De acordo com Marcatt, o caso está sendo investigado pelo Ministério Público de São Paulo e pelo 5º DP (Distrito Policial) de Guarulhos. Ele teria sido chamado por Lucas há uns três meses em reunião para que assumisse os crimes para que não comprometesse a campanha a prefeito do PL, o que teria motivado o rompimento entre os dois.
Marcatt disse que se recusou a assumir os crimes cometidos pelo então chefe e teve a sua candidatura a vereador retirada. Após, ele prestou depoimento à Promotoria, na condição de investigado. Depois, passou a receber ameaças de morte, que culminaram na tentativa de homicídio em 5 de agosto na Vila Augusta. Marcatt afirma que o crime foi encomendado por Lucas e pelo vereador Santiago (PT), de Itaquaquecetuba, que disputa a eleição em Guarulhos.
“Membros do PL me convidaram para uma reunião. Falaram que o Lucas tinha condições de vencer essa eleição. Falaram que eu poderia, por ter sido chefe de gabinete, assumir a frente desse crime para proteger ele politicamente para depois, se ele ganhar, você arredonda. Vou falar com todas as palavras. Eu avisei para não fazer nada de errado. Sempre orientei assim. E cometeu o crime, ele que pague por ele”, afirmou Caique.
Antes da coletiva, Marcatt fez pronunciamento durante a sessão da Câmara e disse que crimes foram cometidos dentro do gabinete de Lucas Sanches e ele não participou dele. O presidente Ticiano (PSD) afirmou que ele pode enviar as provas do que ele disse, por e-mail, que serão repassadas para os demais vereadores para que o caso seja investigado pela Comissão de Ética. O procedimento poderia culminar na cassação de Lucas.
Segundo Caique, uma das provas do enriquecimento de Lucas é a declaração de bens que ele apresentou à Justiça Eleitoral. Como o vereador não teve nenhuma outra fonte de renda nos últimos quatro anos – conforme alega o ex-chefe de gabinete -, ele só poderia ter tido tamanho crescimento se não tivesse gastado nenhum dinheiro no período, o que certamente não aconteceu. Em 2020, o patrimônio de Lucas era de R$ 81,6 mil. Neste ano, é de R$ 430 mil. O salário de um vereador em Guarulhos é de R$ 17.492,90 por mês.
Outro lado
Lucas somente apareceu na sessão quando Caique já tinha feito o pronunciamento e deixado o plenário da Câmara. E não fez nenhum discurso no Legislativo em sua defesa. Em nota, sua assessoria de imprensa negou as acusações e prometeu acionar judicialmente o ex-chefe de gabinete por crime eleitoral.
“Dia após dia, este rapaz tenta emplacar fake news contra Sanches. Tudo o que ele tem feito e falado será levado à Justiça, para que por lá ele responda por seus atos, posicionamentos e acusações levianas”, diz o texto.