Assim como acontece com os seres humanos, os pets também podem desenvolver problemas que atingem sua natureza psicológica. Um deles é a depressão canina. Na condição de seres sencientes (com sentimentos), os cachorros também podem desenvolver quadros de depressão.
A depressão canina diz respeito a um conjunto de sintomas que podem ser desencadeados por gatilhos. Dessa forma, o estresse, mudanças bruscas na vida de um pet e alguns tipos de doenças podem dar margem para o comportamento depressivo.
Pesquisadores da Universidade de Bristol, ao acompanharem comportamentos de cães, notaram uma quantidade significativa de sinais de depressão. Depois desse estudo, a ideia de que esse tipo de enfermidade em animais não se tratava de um mito foi desconstruída.
Com isso, o próximo passo foi investigar os agentes causadores da depressão canina e que tipos de tratamento seriam mais viáveis, afirma a veterinária especialista em comportamento canino Livia Romeiro, do Vet Quality Centro Veterinário 24h.
O que pode causar depressão em cães?
É comum, durante alguns momentos da vida, que o pet apresente sinais de apatia e não queira brincar ou comer. Isso pode acontecer após ele ter corrido ou brincado bastante, ou porque comeu algo que não lhe fez bem, por exemplo.
Nesses casos, bastam algumas horas de descanso para que ele recarregue as energias e volte ao estado normal. No entanto, se os quadros apáticos forem recorrentes, é preciso ter mais atenção e consultar um especialista.
Assim como ocorre com o ser humano, a depressão canina é uma doença silenciosa e dá indícios sutis de sua presença. Nos pets, ela pode ser causada pelos seguintes elementos:
Morte de uma pessoa ou animal
A morte de alguém muito próximo ou de um pet com quem o cão convivia pode desencadear depressão. De acordo com especialistas em saúde animal, as perdas afetivas são causa de 70% dos casos de depressão canina.
Inclusão de um novo membro na família
Se o cachorro estiver acostumado com uma rotina compartilhada com pessoas específicas, ele pode estranhar a inclusão de um novo pet ou uma nova pessoa na família, seja criança ou adulto. O estresse gerado pela nova convivência desenvolve um quadro depressivo.
Privação de espaço
Quando o pet não tem liberdade para se movimentar ou se fica privado de passeios e caminhadas, o estresse acumulado pela ausência de atividades pode se transformar em depressão.
Eventos traumáticos
Cirurgias, atropelamentos e maus tratos podem gerar apresentar comportamentos alterados de apatia.
Sentimento de abandono
Ele é uma das principais causas de depressão canina. A rotina agitada dos donos acaba impedindo que os pets recebam a atenção de que necessitam. O fato de passarem muito tempo sozinhos faz com que eles se sintam abandonados.
Principais sintomas
A depressão canina, em alguns casos, é confundida com a SAS – Síndrome da Ansiedade de Separação. Isso ocorre porque os cachorros também podem se comportar de forma ansiosa e atípica.
Falta de envolvimento em atividades rotineiras
Passeios, brincadeiras e troca de carinhos deixam de ser interessantes para o pet e ele tende a evitá-las e manter-se isolado.
Automutilação
Esse processo pode se iniciar com o excesso de lambedura, sobretudo nas regiões das extremidades do corpo, como patas e cauda. Mordidas e lambidas nessa região podem causar lesões sérias.
Intolerância ao toque
O cão deprimido tentará evitar carinhos demonstrando apatia ou agressividade.
Perda de apetite
O pet não deixa de esperar pelos momentos das refeições e tende a rejeitar os alimentos que antes ele gostava.
Sonolência
O cachorro depressivo passa a querer ficar quieto em sua cama e passa a maior parte do dia dormindo.
Tratamentos e prevenção
Se estes sinais forem percebidos em um pet, é preciso levá-lo a um veterinário o quanto antes. Após fazer uma avaliação clínica detalhada e analisar exames laboratoriais para descartar outras doenças, o profissional será capaz de dar um diagnóstico preciso.
O tratamento de depressão canina consiste em medicamentos para amenizar os sintomas e encaminhamento a terapias especializadas. Remédios homeopáticos, antidepressivos e outros medicamentos alopáticos diversos podem ser prescritos.
No caso das sessões de terapia, elas são indicadas para que um profissional especialista em comportamento canino tente descobrir os gatilhos que desencadeiam a depressão para poder sugerir a abordagem mais adequada para os cuidados com o pet.
Para evitar que o animal passe por um quadro depressivo, a Livia sugere que o tutor deva tomar as seguintes medidas:
- Estabeleça uma rotina de passeios e brincadeiras para o pet;
- Proporcione um ambiente amplo, limpo e arejado para que ele tenha condições de se movimentar e se proteger do sol e da chuva;
- Se ele passa muito tempo sozinho, enriqueça o ambiente com brinquedos atrativos que façam com que ele libere a tensão;
- Dê bastante carinho e demonstre o quanto ele é importante para você;
- Evite mudanças bruscas. Caso seja necessário incluir um novo pet ou um novo membro humano na família, faça isso aos poucos para que seu amigo se acostume com o novo integrante;
- Proporcione uma alimentação rica em nutrientes e mantenha a água do pet sempre limpa e fresca;
- Mantenha o calendário de vacinas, vermifugação e antiparasitas sempre em dia.
- Além de seguir essas recomendações para evitar a depressão canina, não deixe de levar o pet para fazer um check-up veterinário no mínimo a cada 6 meses.