A junção entre Liverpool e Klopp foi um dos maiores encontros de almas já vistos no esporte
The dream is over. O sonho acabou. Não importa o idioma. A frase sempre machuca. Machucou em 1970, quando saiu da boca de John Lennon e decretou o fim dos Beatles.
Anos depois, a banda Raça Negra repetiu em um dos seus inúmeros sucessos: “Chega de tantas mentiras. Chega de brincar com meu amor. Eu nunca imaginei o fim. O sonho acabou”. Dói, né?
A frase também machuca com as suas variantes. A última veio novamente de Liverpool, cidade dos Beatles. No dia 26 de janeiro, o técnico alemão Jurgen Nobert Klopp disse: “I will leave the club” (Eu vou deixar o clube), ao anunciar que não comandará mais o Liverpool Football Club após o fim da atual temporada.
Em outros textos, já afirmei que Klopp não é o melhor técnico do mundo, posto que pertence ao espanhol Pep Guardiola. Mas o alemão está, com certeza, entre os principais treinadores da atualidade e é o meu favorito (como se a minha opinião contasse algo, mas enfim…).
Klopp é carismático, comunicativo e um viciado em futebol. Guardiola o definiu como o seu principal rival na Inglaterra. Inclusive, afirmou que vai “dormir melhor” com sua saída do Liverpool. Isso já mostra o tamanho do alemão (e não falo dos seus 1,92m).
Ao sair dos “Reds”, Klopp terá completado nove temporadas à frente da equipe. Embora seja um número pequeno perto dos 27 anos de Alex Ferguson no comando do Manchester United, não deixa de ser uma marca expressiva nos dias atuais.
E ela é ainda mais marcante ao lembrarmos que o alemão ganhou absolutamente todos os troféus possíveis para um time inglês, com destaque para o Campeonato Inglês ou Premier League, que, com esse nome, o Liverpool nunca havia erguido. Uma conquista absolutamente histórica para um dos clubes mais vitoriosos da Inglaterra, país que é o berço do futebol. Ainda teve um inédito Mundial de Clubes, mas há quem diga que os europeus não ligam para o torneio (azar o deles).
A junção entre Liverpool e Klopp foi um dos maiores encontros de almas já vistos no esporte. Não tenho dúvidas de que um fará falta para o outro, apesar de o alemão alegar que “não tem mais energia” para dirigir a equipe.
A única coisa que conforta neste rompimento é saber que os sonhos verdadeiros nunca acabam. Os Beatles estão mais vivos do que nunca, seja nos shows incríveis do octogenário Paul McCartney ou nas lembranças do eterno legado deixado pelo quarteto de Liverpool. Assim como Klopp nunca deixará, de fato, os Reds.