Em coro, a banda escancara lado sensível e poético em novo single sobre resistência e esperança em um amanhã com mais amor
Após Sonhos em Cativeiro, que aborda de forma enfática o racismo e a violência policial, as Despejadas lançam o novo single Erga-se para falar da esperança em meio às mazelas, com mensagem que ri da dor.
Em coro e ritmo melódico com base de violão, Erga-se incita um mergulho mais intimista sugerindo somar o cantar do quarteto à voz daqueles que precisam resistir às opressões e ao discurso de ódio. Através do cotidiano do existir e resistir, a música resgata a espiritualidade, o autocuidado e a união das pessoas que estão expostas a engrenagem da desigualdade.
Como expoente da MPB alternativa, em Erga-se, a banda bebe na fonte da poesia e da música brasileira, com inspirações em Carlos Drummond de Andrade, Milton Nascimento e grandes similaridades com o poeta urbano Sérgio Vaz.
A música faz analogia à germinação da semente e a força existente na flor – que apesar de pequena e singela – nasce e ergue-se até em meio à seca, ignorando a rispidez do solo. Para a banda, a seca significa as violações aos direitos humanos, como machismo, homofobia, intolerância religiosa e racismo.
Erga-se conta a história da força pela perspectiva da dor, sem nega-la, mas aprendendo a olha-la de frente com amor e aceitação.
“A música propõe um olhar para a grandeza dentro de si, reconhecendo que somos o que nós adubamos e colhemos. Cada corpo é uma semente e em cada semente existe uma possibilidade de crescer coisas inestimáveis”, conta Vitória, integrante do grupo.
Além da capacidade de florescer a cada dia, a capa do Single e o Lyric Video feito pela integrante Lidia, também evidencia a ligação da germinação com a gestação, conferindo à figura da mulher essa potência sobre a manutenção da vida, através do amor e do amamentar que nutre e fortalece assementes que brotarão em um amanhã com mais esperança.
“Trabalhamos para que a música expressasse um mantra que acolhe nossas orações e nos dá força para lutar em tempos sombrios”, conta Lídia. “O que queremos é que a nossa música se espalhe e reanime as pessoas”, diz Lidia.
As Despejadas
Composta por quatro mulheres, Ariadne Matos (Percussão), Lidia Lidia Lidia (Voz e Violão), Nataly Ferreira (Voz e Violão) e Vitória Silva (Voz e Percussão), as Despejadas trazem poesia somadas à ritmos brasileiros com foco em voz e percussão. Formada na periferia de Guarulhos, a banda usa a música como forma de protesto e celebração, mergulhando em referências da poesia brasileira e da musicalidade afro-brasileiras. O próprio nome da banda carrega a referência do “Quarto de Despejo”, da poeta negra brasileira Carolina Maria de Jesus.
Em junho desse ano se apresentaram no Festival Online Internacional, organizado pelo “Somos Aurora”, movimento cultural com base no México, dedicado a promover e impulsionar mulheres e seus talentos. Em sua quinta edição, o “Festival Online de Cantautoras” contou com artistas da Argentina, Equador, Colômbia, Portugal e Porto Rico. As Despejadas foi uma das representantes do Brasil, com uma apresentação em defesa do reconhecimento e autonomia da mulher e dos direitos humanos.