Deputado federal afirma que procurador-geral da República comete crime por não investigar atos antidemocráticos
O deputado Alencar Santana Braga (PT-SP) defendeu nesta terça-feira (8), durante reunião da Comissão de Constituição e Justiça da Câmara, o impeachment do procurador-geral da República, Augusto Aras.
Segundo o parlamentar, Aras cometeu crime de responsabilidade ao não investigar o esquema que organizou e financiou os atos antidemocráticos realizados por bolsonaristas contra autoridades e instituições da República, que constam no inquérito aberto pelo STF (Supremo Tribunal Federal).
O petista avalia que essa prática se enquadra no Art. 40, da Lei 1.079 de 1950, que diz ser crime de responsabilidade do procurador-geral da República “recusar-se a prática de ato que lhe incumba” e “ser patentemente desidioso (negligente) no cumprimento de suas atribuições”.
“Ao invés de tomar algum depoimento, requerer alguma prova, ficou parado, agindo mais como advogado de um presidente da República e de sua família, de um governo”, acusou Alencar.
Dentre algumas revelações das investigações realizadas pela Polícia Federal no inquérito dos atos antidemocráticos – e noticiadas pela imprensa – foram constatadas que contas falsas em redes sociais eram usadas para atacar autoridades e promover incitação contra instituições, inclusive o próprio STF. Algumas dessas contas foram acessadas do endereço residencial do presidente Bolsonaro, na Barra da Tijuca (RJ), e do próprio Palácio do Planalto.
A investigação constatou ainda que as contas falsas também foram operadas a partir de perfis da primeira-dama Michelle Bolsonaro, do deputado Eduardo Bolsonaro (PSL-RJ) e do assessor presidencial Tércio Arnaud Tomaz, já identificado pela CPMI das Fake News como integrante do chamado “gabinete do ódio”.
A PF solicitou à Procuradoria-Geral da República o aprofundamento das investigações, mas o pedido foi negado. Agora a PGR requisitou ao STF o arquivamento do inquérito. A decisão será do ministro responsável pelo caso, Alexandre de Moraes.
O inquérito dos atos antidemocráticos foi aberto em abril do ano passado, após manifestações de apoiadores do presidente Bolsonaro pedindo a volta da ditadura militar, a intervenção das Forças Armadas e o fechamento de instituições como o STF e o Congresso Nacional.
Em um desses atos – no dia do Exército (19 de abril) – o próprio presidente Bolsonaro discursou para um grupo de apoiadores em frente ao Quartel-General do Exército, em Brasília. Vários deles seguravam faixas pedindo a volta do AI-5, além do fechamento do STF e do Congresso Nacional.