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60 anos do golpe militar: o que aconteceu em Guarulhos

sindicato dos metalurgicos
Foto: Reprodução/Google Street View
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Tanques foram às ruas, Câmara deu aval à intervenção e diretorias dos sindicatos foram depostas

Em 31 de março de 1964, o presidente João Goulart deixou o deixou o Palácio Laranjeiras, no Rio de Janeiro, ciente do avanço das tropas militares. Tentou abrigo em Brasília, depois foi ao Rio Grande do Sul, antes de fugir para o Uruguai no dia seguinte. Neste contexto, o Brasil foi alvo de um golpe militar, com apoio dos Estados Unidos, que deixou seis destroyers, um porta-aviões, um porta-helicópteros e quatro petroleiros nas imediações de Santos, caso ocorresse uma guerra civil no país.

O episódio completa 60 anos nesta segunda-feira (1º). Em Guarulhos, o golpe militar teve fortes implicações. . A classe política se reuniu em sessão extraordinária às pressas na Câmara Municipal para fazer uma vigília cívica pró-golpe a fim de mostrar a fidelidade dos políticos locais ao governador Ademar de Barros – e evitar deposições. Na prática, a medida visava deixar o Legislativo aberto permanentemente para mostrar apoio aos militares até a conclusão do golpe.

O discurso mais duro foi do então prefeito de Guarulhos, Mário Antonelli, que pedia a perseguição dos comunistas e (indiretamente dos) sindicalistas.

“Há falsos democratas entre nós, que precisam ser apontados, que precisam ser afastados do nosso meio. Não podemos mais permitir a ação livre daqueles que vivem constantemente provocando agitações, badernas e levando o País para um caos vertiginoso”, disse, na ocasião.

Em Guarulhos, o dia 1º de abril amanheceu com tanques do Exército na Rodovia Presidente Dutra, principal ligação com a capital paulista. No dia seguinte, os militares foram aos sindicatos e depuseram as respectivas diretorias. Para enfraquecer os trabalhadores, o novo regime indicou lideranças que lhe fossem fiéis, ou seja, longe das ideias reformistas de João Goulart ou do Grupo dos Onze, a ser cassado por Antonelli.

O Sindicato dos Metalúrgicos de Guarulhos foi um dos que teve sua diretoria deposta. Joaquim dos Santos Andrade, o Joaquinzão, foi nomeado presidente-interventor pelos militares e ficou por um ano no comando do sindicato. Ele era da oposição metalúrgica paulistana.

Na Base Aérea de Cumbica, em Guarulhos, o cabo Edson Moreira foi preso por dirigir um ônibus com soldados e estacionar em um pátio na Base Aérea, o que, naquele dia, estava proibido. O cabo estava há 30 dias de férias e não foi informado da restrição. Ficou detido apenas por algumas horas e liberado após pedir desculpas ao tenente.

Dois dias depois, foi preso e levado para a Base Aérea de Santos, onde permaneceu por 50 dias. Ele lembrou que vários militares que serviam em Guarulhos foram presos, mas não teve mais contato com eles. 

“Falei que estava errada [a revolução]. No futuro vocês [soldados] se cuidem que vão passar fome. Dois dias depois estava preso como comunista só porque falei isso”, disse.

Estes episódios estão narrados no livros “Anos de Chumbo em Guarulhos – Uma História Não Contada”, da Editora Albatroz.

A democracia retornou formalmente após a saída dos governos militares, em 1985. Os brasileiros voltaram a eleger diretamente o presidente da República somente em 1989.

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