Jornalista bolou a ideia para ajudar o pai a enfrentar o isolamento social
Depois de mais de 9,5 mil quilômetros rodados de bicicleta com as tortas de seu pai nas costas, o jornalista Diego Salgado, 38, volta a Guarulhos neste sábado, 13, para sua segunda visita à cidade carregando o nome “Torta do Pai” nas veias. O GRU Diário conversou com o idealizador do negócio que tem gerado bastante movimentação nas redes sociais nos últimos meses.
A história das tortas que, que são feitas em Pinheiros, na Capital, e que inicialmente eram entregues apenas no Centro Expandido de SP, passaram pelo ABCD e chegaram até Osasco, se iniciou ao acaso, quando o motorista de Uber Antônio Sérgio Carvalho, 64, se viu preso em casa por conta da pandemia do novo coronavírus. A angústia e as contas atrasadas começaram a surgir. De março a maio de 2020, ele ficou sem renda para conseguir arcar com as despesas do dia a dia.
Foi justamente nesse momento que ele pensou em retornar à sua antiga atividade. E é aqui que entra a atuação de Diego: preocupado por ver o pai, do grupo de risco, voltar a sair de casa diariamente e sair do isolamento social, o jornalista bolou um plano – que, ele confessa, demorou para ser aceito pelo sr. Antônio.
A ideia foi unir a habilidade do pai na cozinha com a de pedalar do filho. “Ele sempre foi um bom cozinheiro, mas só fazia almoço de família. Pensei em ele cozinhar as tortas, eu anunciar nas redes sociais e entregar de bicicleta”, diz Diego.
Meio a contragosto, Antônio aceitou a proposta do filho. Na primeira propaganda feita nas redes sociais, eles se surpreenderam: foram recebidas mais de 800 mensagens pedindo para provar as tortas do pai.
Diego começou a entregar no Centro Expandido de SP e, dois meses depois, ao ver a demanda aumentar para regiões mais periféricas, passou a atender a cidade toda. “Já rodei, também, o ABCD, Osasco, Guarulhos e Cotia”.
As tortas congeladas – hoje de quatro sabores (frango, palmito, carne seca e calabresa) – custam entre R$ 34 e R$ 50. “A receita da massa é do meu avô e o recheio de frango é da minha avó. Meu pai juntou o melhor dos dois para fazer as tortas”, afirma o jornalista, que chegou a rodar 300 km por semana, de terça a domingo, para fazer a Torta do Pai virar um sucesso de vendas.
O negócio fez tanto sucesso até hoje que tanto pai quanto filho já contam com ajudantes. “A Elisete auxilia meu pai na produção da torta e o Felipe faz os trajetos de terça a sexta. Eu fico com os finais de semana, em localidades mais longes”, conta Diego, que também revelou não ter puxado a habilidade para cozinhar de Antônio.
Contando com uma atuação bastante ativa nas redes sociais, Diego e Antônio saíram de um desejo de vender poucas tortas para ajudar nos gastos mensais para se aproximar das 4 mil tortas vendidas nesses oito meses. Este repórter provou a Torta do Pai e pode afirmar: o resultado é realmente satisfatório.