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Polícia investiga desvio de R$ 14 bilhões da Prefeitura de Guarulhos; 14 esquemas existem há 16 anos

Secretaria de Justiça de Guarulhos

Foto: PMG

Mandados de busca e apreensão contra servidores foram cumpridos nesta quinta-feira

A segunda fase da Operação Publicanos, da Polícia Civil, cumpriu 10 mandados de busca e apreensão em Guarulhos nesta quinta-feira (31). Foram alvos secretarias da Prefeitura e residências de servidores. A suspeita é que uma organização criminosa, montada com servidores públicos, tenha desviado R$ 14 bilhões dos cofres públicos nos últimos 16 anos, nas gestões Sebastião Almeida e Guti. Pelo menos 14 esquemas ilegais teriam sido realizados neste período.

A investigação é conduzida pelo Seccold (Setor Especializado no Combate à Corrupção, ao Crime Organizado e à Lavagem de Dinheiro), que apura desde 2022 irregularidades na Secretaria Municipal de Finanças. Participaram da operação de hoje 53 policiais civis, que foram em 10 endereços, entre os quais, as secretarias de Desenvolvimento Urbano, Desenvolvimento Econômico e Justiça, a Procuradoria Municipal, além de residências de servidores investigados.

O grupo criminoso aceitava ou cobrava propina para garantir redução de impostos ou isenções fiscais para empresários e pessoas influentes. Entre os exemplos citados, um contribuinte com um imóvel de 5 mil metros quadrados conseguia registrar o local com metragem de apenas 500 metros no IPTU (Imposto Predial e Territorial Urbana), e ganhava vantagem indevida. Foram concedidos também isenções fiscais e perdões de dívidas de forma indevida.

Na primeira fase da operação, em dezembro de 2022, a Polícia Civil tinha apreendido 2 mil processos iniciados em 2019 na Secretaria Municipal de Fazenda. À época, foram afastados 37 fiscais e cadastradores da Prefeitura, sendo que havia fortes suspeitas contra 12 fiscais que teriam envolvimento no esquema.

A gestão do prefeito Lucas Sanches (PL) promete cobrar judicialmente todos os valores não pagos ao município por conta da fraude. Até o momento, há cerca de 600 investigados, entre funcionários públicos, particulares e empresários. O prefeito afirma que com o valor desviado seria possível construir dois hospitais ou 300 escolas.

“Acabamos de desmascarar o maior esquema de corrupção da cidade. A gente não vai passar pano. Não vai ter boi. R$ 14 bilhões desviados dos cofres públicos nos últimos 16 anos. É uma vergonha. Um tapa na cara da população. É como se tirasse R$ 10 mil de cada guarulhense. Vamos contribuir com o Ministério Público e a Polícia e não vamos aceitar corrupção na nossa cidade”, disse Lucas.

O ex-prefeito Guti (PSD) afirmou que foi responsável pelo início das investigações, após contatar divergências nos impostos arrecadados no setor imobiliário. Ele também disse que a arrecadação com o IPTU cresceu em sua gestão.

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