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Bacelarismo: Tenho dó da nova geração de torcedores brasileiros

Brasil x Marrocos

Foto: Divulgação/Federação Marroquina de Futebol

Seleção tem colecionado frustrações e, nem de longe, lembra histórico vencedor e de imposição que gerações construíram ao longo do tempo

A Seleção Brasileira conseguiu mais uma proeza negativa no último final de semana. Perdeu para Marrocos pela primeira vez na história. Há alguns meses, o Brasil já havia sido derrotado por uma seleção africana de maneira inédita em uma Copa do Mundo.

Não vi o amistoso realizado em Tânger, no último sábado (25), que terminou com o placar de 2 a 1 para os marroquinos. E não serei leviano em analisar um jogo ao qual não assisti. Mas o resultado, independente de desempenho, é um alerta para nós, brasileiros – mesmo que Marrocos tenha entrado em campo como favorito. Se pensarmos bem, o próprio favoritismo marroquino já era preocupante.

É bom salientar que não se trata de menosprezar o Marrocos, que fez uma excelente Copa do Mundo no Catar, chegou à semifinal e eliminou dois europeus nas oitavas e quartas. O Brasil, por exemplo, não “despacha” uma seleção europeia em Copas desde 2002 (!).

Além disso, em 20 anos, a Seleção Brasileira só avançou às semifinais do torneio uma única vez, em 2014, jogando em casa. Nem preciso dizer o que aconteceu e que era melhor nem ter chegado “tão longe”. Ou seja, o histórico recente do Marrocos é melhor. É mais animador.

Particularmente, fico feliz com a evolução das seleções africanas, sobretudo, a marroquina. O povo do país é apaixonado por futebol. Sugiro, inclusive, que procurem vídeos da torcida do Raja Casablanca no YouTube. Mas, por outro lado, todos os dados que trouxe no texto apontam um evidente retrocesso brasileiro.

Enquanto vemos outras forças surgindo no mundo do futebol, o Brasil parece ter parado no tempo. Bélgica e Croácia, as duas últimas carrascas brasileiras em Copas, têm/tinham jogadores que facilmente seriam titulares em nossa seleção. Isso é verdade. Mas não podemos negar que são duas seleções sem tanto peso em suas camisas.

A impressão é que qualquer europeu vai eliminar o Brasil nas fases agudas da competição – seja por meio de goleadas estrondosas, placares apertados ou nos pênaltis (mesmo depois de sair atrás na prorrogação).

Já Marrocos, como disse antes, encarou com coragem três seleções do Velho Continente no Mundial do Catar (não estou considerando a fase de grupos). Mandou Espanha e Portugal para casa e, na semifinal, foi um oponente muito duro para a França – talvez a melhor seleção do mundo nos últimos anos. E o que dizer da Croácia? Um país do tamanho da zona leste de São Paulo que pegou um vice e um terceiro lugar nas Copas mais recentes. O Brasil nem chegou perto disso.

Quando reflito sobre tudo isso, só consigo pensar no meu sobrinho, de 10 anos, que chorou na última eliminação brasileira. Eu, quando tinha a idade dele, já tinha visto um título e uma final do Brasil em Copas. Na seguinte, ainda assisti a mais uma conquista.

A vida do torcedor, claramente, era mais fácil naquela época. Tenho dó da nova geração, tão cedo acostumada com decepções.

*Vinícius Bacelar é jornalista, formado pela Universidade São Judas Tadeu, acumula passagens por algumas das principais redações do Brasil, como Agora S.Paulo, Folha de S. Paulo, R7 e UOL. Também foi editor do Metrô News. Como assessor de imprensa atuou nas eleições municipais de Guarulhos de 2016. Posteriormente, atendeu o Esporte Clube Água Santa, o Bangu Atlético Clube e o Boston City FC Brasil, além de atletas, técnicos e dirigentes.

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