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Bacelarismo: Não aprendi dizer adeus

Bacelarismo: Não aprendi dizer adeus

Foto: Reprodução

Séries mostram o quanto despedidas esportivas podem ser dolorosas. Às vezes, impossíveis

Os meses de maio e junho são maravilhosos para quem gosta de esportes. Na NBA, a maior liga de basquete do mundo, temos os playoffs, as finais de conferências e a grande decisão. Neste ano, particularmente, o leste teve um duelo de tirar o fôlego. Melhor para o Miami Heat, que quase tomou uma virada histórica do Boston Celtics, mas, no fim, vai duelar pelo título contra o Denver Nuggets. 

No futebol, houve um tempo em que a Copa do Brasil e a Libertadores eram decididas no meio do ano. Agora, as finais dessas competições ocorrem no segundo semestre. Mas tudo bem: ainda temos a Liga dos Campeões da Europa para nos prender nas últimas semanas de maio ou nas primeiras de junho.

E para quem não vê graça em nenhum desses eventos, gostaria de indicar duas séries, que têm o esporte como pano de fundo, mas vão além dele. 

Uma delas já citei aqui em outras oportunidades, com um texto dedicado exclusivamente a ela. Ted Lasso teve seu último episódio liberado na Apple TV na última quarta-feira (31), encerrando três temporadas de uma ótima produção. Tão boa que foi aprovada pelo grande (e perfeccionista) Pep Guardiola. O técnico do Manchester City, inclusive, fez uma ponta na série. 

Vou segurar minha opinião para outro texto, afinal, muitos ainda não devem ter visto até o final. Só posso dizer que será difícil passar as próximas noites de quartas-feiras sem acompanhar a rotina do simpático e fictício clube de futebol Richmond, da Inglaterra. Foi dolorido dizer adeus à série. Não sei vocês, mas quando termino uma produção, audiovisual ou literária, que gosto muito, sinto um vazio por dias. E o próprio Ted Lesso nos mostrou o quanto despedidas são complicadas. 

Por falar em términos de ciclo, a série “Olha o que ele fez”, que retrata a vida de Galvão Bueno e está disponível na Globoplay, também deixa claro que o narrador pode ter saído da Globo, mas não “abandonará” as transmissões esportivas tão cedo. 

Foram mais de 40 anos só de Globo, com um curto intervalo de um ano fora da maior emissora do país. E toda essa história foi retratada em cinco episódios, que contam os acertos e erros do narrador durante sua carreira. A série não “esconde” as polêmicas e inimizades colecionadas por Galvão, mas claramente tenta exibir a imagem de um senhor conciliador, disposto a se desculpar com os seus desafetos – se de forma verdadeira ou não, cabe a cada espectador analisar. Vou guardar minha avaliação para mim, pois não quero ter a pretensão de influenciar ninguém. 

De qualquer maneira, a série humaniza o narrador e eu sempre gosto quando “mitos” viram “seres humanos”. Galvão, goste ou não, com seus defeitos e virtudes, é o maior narrador esportivo da história do país. Acessá-lo como a produção fez foi o “maior barato”, como o próprio costuma dizer.

Ted Lasso e Galvão Bueno são bem diferentes. Um faz de tudo para não ser o protagonista, enquanto o outro faz questão de estar no centro das atenções. Mas nestas semanas de tantas decisões esportivas, ambos me mostraram o quanto é difícil dizer adeus. Não sei se eu e eles vamos nos acostumar.

*Vinícius Bacelar é jornalista, formado pela Universidade São Judas Tadeu, acumula passagens por algumas das principais redações do Brasil, como Agora S.Paulo, Folha de S. Paulo, R7 e UOL. Também foi editor do Metrô News. Como assessor de imprensa atuou nas eleições municipais de Guarulhos de 2016. Posteriormente, atendeu o Esporte Clube Água Santa, o Bangu Atlético Clube e o Boston City FC Brasil, além de atletas, técnicos e dirigentes.

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