Time masculino de futebol não se encontra em campo. Não contente, diretoria faz aposta polêmica em Cuca
O Corinthians não levanta um troféu há quatro anos e caminha a passos largos para o quinto ano de jejum. Após o vexame no Paulista, a equipe masculina do Parque São Jorge não mostra condições de prosseguir na Copa do Brasil. E não passar do Remo, nesta quarta-feira (26), seria a maior vergonha corintiana em sua casa. Maior do que a eliminação pelo Ituano no Estadual.
Enquanto vê sua situação delicada na Copa do Brasil, o Corinthians patina na Libertadores e no Brasileiro. Duas derrotas consecutivas, somando ambas as competições. Pior que os resultados, só mesmo o desempenho pífio diante do Argentinos Juniors e do Goiás. Foram quatro gols sofridos e apenas um feito nos dois jogos. E um futebolzinho digno de nota “dó”.
Em meio a tudo isso, o clube “rebaixou” Fernando Lázaro para sua antiga função de analista de desempenho/auxiliar e contratou Cuca. Pelo histórico recente do treinador paranaense, a escolha até fazia sentido. Nos últimos dez anos, Cuca colecionou conquistas: Libertadores, dois Brasileiros e uma Copa do Brasil. Sem contar outros trabalhos bons, como no Santos, por exemplo.
Mas, muito antes disso, o técnico, quando ainda era jogador do Grêmio, envolveu-se em uma história até hoje mal contada. Em 1987, na Suíça, Cuca e outros atletas do Tricolor gaúcho, entre eles Henrique, ex-zagueiro e capitão corintiano nos anos 1990, teriam abusado de uma garota de, então, 13 anos. Eles foram condenados à revelia, pois não apareceram no julgamento, dois anos depois, no país europeu. Ninguém pagou a pena e o suposto crime prescreveu.
A diretoria do Corinthians jura que investigou o caso e acredita na inocência alegada por Cuca. No entanto, boa parte da torcida não engoliu esse papo e pediu a saída do treinador antes mesmo de ele ser apresentado. Após sua estreia, derrota por 3 a 1 contra o Goiás, jogadoras do time feminino se manifestaram, deixando claro o incômodo com a contratação do técnico.
O presidente Duílio Monteiro Alves, além de deixar a presidência sem um troféu sequer, criou um clima hostil completamente evitável e desnecessário dentro do clube. E aqui não me cabe julgar se o Cuca é culpado ou inocente. A Justiça suíça já o condenou há 34 anos. Se foi com ou sem razão, também não tenho condições de opinar. O que posso dizer é que o Corinthians não deveria ter contratado Cuca, apesar de seu currículo vitorioso.
Sua contratação só mostra o quanto o clube de Parque São Jorge, aliás, ontem foi dia do Santo Guerreiro, está perdido. Assim como os jogadores em campo.
*Vinícius Bacelar é jornalista, formado pela Universidade São Judas Tadeu, acumula passagens por algumas das principais redações do Brasil, como Agora S.Paulo, Folha de S. Paulo, R7 e UOL. Também foi editor do Metrô News. Como assessor de imprensa atuou nas eleições municipais de Guarulhos de 2016. Posteriormente, atendeu o Esporte Clube Água Santa, o Bangu Atlético Clube e o Boston City FC Brasil, além de atletas, técnicos e dirigentes.