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Aos 137 anos do fim da escravidão, negros buscam promoção social

Lourdes Oliveira, jornalista

Foto: Divulgação

Homens, mulheres e crianças negras merecem o respeito e a dignidade que abram caminhos que os levem a conquistar a tão almejada igualdade racial

O Brasil completa, neste dia 13 de maio, 137 anos do final do regime de escravidão ao qual a população negra foi submetida por cerca de 350 anos. No entanto, a jornada pela promoção de inclusão social dessa parcela de cidadãos na sociedade brasileira é contínua, visto que a assinatura da lei Áurea pela princesa Isabel, no ano de 1888, não garantiu direitos a esses cidadãos que foram deixados a sua própria sorte, restando a muitos as moradias nas ruas, ou habitações em lugares precários, uma das condições que se repetem até os dias de hoje.

O Boletim da SEET (Subsecretaria de Estatísticas e Estudos do Trabalho), do Ministério do Trabalho e Emprego, produzido em novembro de 2024, aponta que as taxas de participação para ocupados e desocupados, numa população de 15 anos e mais, quando se trata de homens negros e homens não negros no mercado de trabalho, correspondem a 72, 38%, enquanto, que as mulheres não negras, representam taxa de 54,13, e as mulheres negras, 51,32%. As estatísticas desse boletim envolveu dados coletados pela Pesquisa Nacional por Amostras de Domicílios, do IBGE (Instituto Brasileiro de Geografia e Estatísticas).

Mas felizmente, a publicação aponta informações positivas como o crescimento da escolaridade na população brasileira, com destaque para a parcela com 15 anos ou mais. Da mesma forma, o informativo demonstra que, entre o segundo trimestre de 2019 e de 2024, diminuíram os números de pessoas com o nível médio incompleto, com aumento substancial das que possuem nível médio completo, ou superior incompleto (com números maiores para homens negros e mulheres negras). O boletim destaca ainda, o aumento em todos os agrupamentos com o nível superior completo, especialmente de mulheres não negras e entre as mulheres negras.

O mundo ainda lamenta o racismo no futebol

Os esforços dos cidadãos negros para serem reconhecidos no planeta como cidadãos que contribuíram com a estruturação da economia de diversos países, no entanto, não vêm sendo suficientes para aplacar a fúria racial de alguns torcedores que vão aos estádios de futebol mundo afora, praticando atitudes racistas. É sensível o desiquilíbrio causado à condição psicológica dos jogadores acometidos por esse mal.

O jogador Vinícius Júnior, do Real Madrid, se tornou símbolo de luta no combate a esta prática odiosa nos estádios de futebol. O caso mais recente ocorreu sábado (10), numa partida entre os times Fort e Serra, pelo Capixabão Sub-20, no Espírito Santo. O nome desse jogador não aparece no texto do Jornal “Folha Vitória”.

Diz apenas que ele teria sido levado à delegacia, sob acusação de racismo. Pelo relato, o jogador chamou o adversário de “macaco”. A partida ocorreu no estádio José Carneiro, no bairro Afonso Cláudio. O técnico da partida também alega ter sofrido a mesma situação. Segundo o “Folha Vitória”, a Polícia Militar confirmou que um dos jogadores da partida teria sido levado à Delegacia de Polícia.

A Polícia Civil disse que não encontrou essa ocorrência. Também não houve a identificação de qual dos dois times era esse jogador. O resultado da rodada foi de 5 a 2 para o Forte. O jornal informou que o atleta do Fort, Pietro Micenio escreveu nas redes sociais a ocorrência dessas ofensas. Relatou que seria pai de um jogador do time adversário.

A Confederação Brasileira de Futebol deve cumprir suas responsabilidades nestes casos. Fatos como esses evidenciam a necessidade no Brasil, da efetivação nas escolas, da Lei 10.639/03, contribuindo no combate ao racismo. Este conjunto de normas, representa uma conquista importante para os negros que representam 56% da população negra brasileira. Além disso, torna obrigatório o ensino de história e cultura africana e afro-brasileira e coloca o Dia da Consciência Negra como data prevista no calendário escolar.

Faz-se necessário também lembrar ações do regime de escravidão, como, por exemplo, que a mulher negra não amamentava seus próprios filhos, pois tinha de alimentar com o seu leite materno, as crianças das mulheres não negras. Por isso mesmo, homens, mulheres e crianças negras merecem o respeito e a dignidade que abram caminhos que os levem a conquistar a tão almejada igualdade racial.

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